Centro de Educação, Arte e Cultura de Guaiuba (Cearc) será reinaugurado neste sábado (14)

Criado em 2003, o espaço é voltado para o aprendizado de crianças, jovens e adultos

Escrito por Mylena Gadelha , mylena.gadelha@svm.com.br
Foto: Foto: Thiago Gadelha

Quando participou pela primeira vez das aulas de canto no Centro de Educação, Arte e Cultura de Guaiuba (Cearc), Luma Reis, 26 anos, não sabia se a música se tornaria, de fato, uma profissão. Mesmo assim, já entendia com propriedade da importância ao acesso às atividades desenvolvidas no local.

Nascida em Fortaleza, mas tendo vivido na região metropolitana desde os seis anos, ela entrou no Cearc, como o lugar é chamado no município, a partir dos nove. "Foram pelo menos 14 anos estudando cotidianamente por aqui", lembra a jovem, com um sorriso, ao falar sobre a gratidão pela formação. Ela é uma das que já foram beneficiadas pelo espaço criado pela Secretaria de Cultura de Guaiuba ainda em 2003 e que será reinaugurado com festa neste sábado (14), após uma série de reformas, além da renovação do teatro para as artes cênicas.

Foto: Foto: Thiago Gadelha

Atualmente, um total de 25 cursos são oferecidos para os inscritos da rede municipal de ensino da cidade e 1.092 alunos transitam pelo local todos os dias. A capacidade, segundo a Prefeitura, é para cinco mil pessoas, em uma estrutura onde são abrigadas sala de dança, bibliotecas, galeria para exposição e o anfiteatro.

"Se hoje eu trabalho com a música, é graças a tudo que pude aprender aqui dentro. Fiz de tudo. Teatro, dança, percussão, aprendi a tocar flauta. Digo sempre, sem dúvida: tudo agregou para o conhecimento que tenho", comenta.

Acesso

No meio disso, Luma não é a única com motivos para agradecer. Se para ela, o Cearc se tornou motivo de boas lembranças, pelas quais ela faz questão de agradecer a todo momento, para muitos outros, ele continua sinônimo de educação e lazer diários.

Foto: Foto: Thiago Gadelha

Um exemplo é o do menino Uildson Rodrigo de Araújo. Mesmo com o semblante tímido, algo que talvez seja comum entre os meninos de 13 anos, ele não hesita ao contar as mudanças da vida logo após ter entrado para algumas das oficinas do Centro cultural.

Hoje, descrito como uma das vozes mais bonitas entre as crianças do Município, onde já fez presença em vários eventos, ele participa das aulas de coral ministradas e sai todos os dias de casa, no distrito de Itacima, para vivenciar o contato com diversos outros estudantes.

"Eu não tinha aula aqui antes do concurso, não sabia muito ainda, e recebi vários convites para participar, até mesmo de um professor. Depois de vencer, comecei a cantar em vários lugares", diz ao relatar o início do gosto pela música, quando o ambiente religioso era o único ponto onde podia praticar.

Em uma das salas, durante uma tarde nublada, mas cheia de energia com o movimento fervilhante dos alunos, o menino entoava algumas canções junto dos outros colegas. Segundo ele, por conta da oportunidade de acesso ao local, a rotina é cheia de aprendizado. "Todo dia, pela manhã venho até aqui para cantar e depois vou correndo até a escola", se diverte ao compartilhar.

Vontade antiga

Mas nem só de jovens o Cearc é composto. Dos adultos circulando diariamente entre as muitas oficinas, Abelardo Sousa tem 58 anos e é prova de que não tem idade para adquirir conhecimento. "A relação que mantenho aqui é de contato direto com a cultura", opina, sem titubear.

Legenda: Uildson, de 13 anos, encontrou a paixão pela música em um concurso e no coral
Foto: Foto: Thiago Gadelha

Há dois anos estudando o acordeom, ele explica ter tido vontade de tocar o instrumento desde cedo, mas chegou à prática por meio de um amigo. Desde então, reforça a todos como encontrou facilidade no caminho. "Vim para cá e não sabia de nada sobre uma sanfona, por exemplo. Não sabia que tinha três dimensões, que tem uma importância gigante para todos os nordestinos, até mesmo por conta da figura de Luiz Gonzaga, e aos poucos fui me familiarizando, aprendendo junto com todo mundo", revela.

Além da importância na promoção de conhecimento, ele é dos que defendem o espaço em Guaiuba justamente por conta do impacto na população. De acordo com as informações da Secretaria, o espaço também é utilizado como meio para coibir práticas que podem levar os jovens ao vício ou ao crime.

Legenda: Abelardo Sousa tem 58 anos e entrou no Cearc para aprender a tocar acordeon
Foto: Foto: Thiago Gadelha

"É bonito ver a importância para os jovens. Muitos deles passam o dia por aqui, ficam transitando logo após a escola. Esse acesso à cultura, claro, é capaz de transformar muitas realidades e mudar as vidas de quem precisa de força", diz Abelardo.

Entre os responsáveis pela administração das atividades, a secretária Antônia de Almeida passeia pelos frequentadores como quem conhece a realidade de todos os dias. Para ela, é gratificante perceber a influência na vida das famílias da cidade.

"Vejo como uma extensão das nossas escolas. É uma forma de ampliar ainda mais essa possibilidade de acesso ao conhecimento", diz. Sobre as mudanças e reinauguração, ela afirma a necessidade de mudança.

"A intenção dessa reforma foi deixar tudo novo. O prédio, que antes estava deteriorado, ganhou novos espaços. Algumas oficinas, que estavam paradas, também estão a todo vapor", finaliza.

No meio da alegria, no olhar de quem frequenta, está também a esperança no futuro das crianças, jovens e adultos da cidade de Guaiuba. A sede da Cearc, reinaugurada neste sábado (14), é uma semente de transformação da comunidade.

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