Blocos e grupos musicais se organizam entre ensaios para chegar no período carnavalesco

Integrantes do Maracatu Solar, Bloco Baqueta e Os Transacionais comentam sobre o período que antecede a folia

Escrito por Mylena Gadelha , mylena.gadelha@svm.com.br
Legenda: 'Os Transacionais' têm na Praça Verde um dos espaços garantidos de festa carnavalesca
Foto: FOTO: ALLAN TAISSUKE

Os batuques, as danças descompassadas e a alegria dos brincantes se espalham em meio à cidade no início do ano. Um sinal claro e um chamado pelo Carnaval. Em Fortaleza, o primeiro grito da festa talvez tenha ocorrido logo após os fogos explodirem no céu com a chegada do ano novo.

Junto a isso, surgem as programações espalhadas de ensaios, esquentas de blocos e preparações intensas para realizar uma das maiores comemorações no País.

Enquanto a ansiedade para curtir é latente, integrantes de grupos como o Maracatu Solar, Bloco Baqueta e Os Transacionais sabem muito bem dias animados que vêm por aí. Eles são a prova de como é necessário se mobilizar para "botar o bloco na rua".

Raiz local

Criado em 2006, por um grupo de artistas ligados a Associação Cultural Solidariedade e Arte Solar, o Maracatu Solar se tornou história do que representa o Carnaval de Fortaleza. O músico Pingo de Fortaleza, presidente do Maracatu, destaca a imersão dos integrantes no período que antecede à folia. Entre oficinas, rodas de conversa e apresentações não-oficiais, ele ressalta a entrega dos 250 membros, afinal, tudo começa antes da avenida.

"Nosso processo se inicia na escolha do tema do ano, na confecção do arranjo e cada integrante fica com uma linguagem específica. Depois disso partimos para as fantasias, o reparo e a confecção, para a escolha das oficinas. Vamos criando comissões de áreas e todos se envolvem de acordo com as necessidades", explica.

Legenda: O Maracatu Solar começou a preparação para o Carnaval ainda no início desse mês
Foto: Foto: Kid Júnior

Ainda que as festas estejam a algumas semanas de serem realizadas, a agenda já é intensa. "Existe um planejamento, claro. São muitas coisas acontecendo nessa época do ano. Tocamos nos palcos do Benfica, fazemos shows na Praia de Iracema e ainda temos atividades focadas na nossa apresentação da Domingos Olímpio", comenta Pingo. Para começar janeiro, ele explica que diversos momentos foram pensados pela organização, sempre com o intuito de deixar tudo pronto.

Segundo ele, por de trás de cada apresentação há muito esforço: ensaios técnicos todas terças e quintas desse mês, enquanto os de cortejo de rua serão realizados em fevereiro, nos mesmos dias.

Som

Em 2007, em meio à vontade de difundir a cultura do samba na cidade, surgiu o Baqueta Clube de Ritmistas. Hoje, consolidado no imaginário do folião cearense, o grupo é outro exemplo de como festejar também requer dedicação.

Matheus Freire, 19 anos, é um dos participantes que circulam nos bastidores. Na figura do pai, um dos fundadores do Baqueta, pinçou a inspiração para se manter nesse universo e, atualmente, faz parte da comissão responsável por decidir cada passo tomado nesse processo de estruturação e definição antes das apresentações no Carnaval.

Legenda: Baqueta é um dos blocos tradicionais que difundem o samba no Carnaval de Fortaleza
Foto: Foto: Reinaldo Jorge

"Todos já começam a aparecer com uma frequência maior nos ensaios. Conseguimos perceber, inclusive, uma crescente na animação. Então, como existe vontade de se dedicar, aumentamos o número de eventos, por exemplo, com esse intuito de reunir mais gente e embalar", afirma.

Na ponta do lápis, ele já tem todos os planos para os dias que seguem. O passo inicial já deve ser dado neste sábado (11), com uma Festa à Fantasia na própria sede do Baqueta. No ritmo, também será realizado um ensaio junto do bloco Unidos da Cachorra, dia 18, que antecede a abertura e participação no Pré-Carnaval montado pela Prefeitura de Fortaleza.

Na praça

Outra opção para balançar os fortalezenses é a banda 'Os Transacionais', que deu largada nesta quinta (9), lotando a Praça Verde do Dragão do Mar, com público ávido por mexer o corpo ao som de clássicos. No ano passado, o bloco não aconteceu, o que resultou em uma necessidade de garantir a realização com toda a energia em 2020.

"Digo que nossa expectativa tem sido bem intensa. Como teve essa falta ano passado, nos preparamos por mais de um ano para realizá-lo agora", conta Jolson Teixeira, produtor e músico da banda. De acordo com ele, o repertório está entre um dos detalhes pensados minuciosamente, além da preparação física e artística. "Mudou bastante coisa desde nossa última imersão nessa época do ano. Atualizamos nosso setlist, ampliamos o leque de músicas, tivemos maior envolvimento com a história do Carnaval, tanto no País como em Fortaleza, e começamos a entender a importância da consolidação dessa festa", diz.

Nas três primeiras quintas de fevereiro, com entrada gratuita, os quatro participantes do grupo sobem ao palco com os sucessos de Ednardo, Fausto Nilo, Fagner e Petrúcio Maia, além do frevo pernambucano. Em comum com os outros realizadores de agito, levam debaixo do braço a vontade espalhar brilho e serpentina por todos os cantos da Capital.

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