Assoalho pélvico merece cuidados especiais e exercícios podem ajudar no fortalecimento

Responsável por dar sustentabilidade a órgãos vitais, para cuidar dessa região é necessário uma orientação especializada

Escrito por Mylena Gadelha , mylena.gadelha@svm.com.br
Legenda: Assoalho Pélvico é uma das regiões onde orgãos vitais se aglomeram

Nos relógios ou em equipamentos eletrônicos, todas as engrenagens precisam estar bem para garantir o funcionamento normal. No corpo humano, não é muito diferente, mas o equilíbrio só acontece quando todas as funções, até mesmo as mais simples, estão sendo realizadas corretamente.

O assoalho pélvico, por exemplo, pode não ser uma preocupação constante por parte das mulheres, mas o descuido com esta região é capaz de gerar uma série de problemas.

Constituída de vários músculos e tecidos fibrosos, em formato de bacia, o assoalho pélvico sustenta diferentes órgãos, como os ovários e o útero, além da bexiga, do reto e do próprio intestino.

Dados da Organização Mundial de Saúde apontam que 5% da população do País sofrem com problemas de incontinência urinária. Além disso, mais de 30% passa por alguma disfunção sexual. Essas, inclusive, são algumas das atividades influenciadas diretamente por essa região.

Há anos tratando mulheres com estes problemas, a fisioterapeuta pélvica, Gisele Arruda, reforça a ideia da necessidade de manter os cuidados básicos, além de fazer um acompanhamento especializado.

"Pensando na função anatômica, podemos colocar assim: se esse músculo sustenta essa região, caso ele enfraqueça ou perca a função, pode haver uma queda das estruturas que estão acima dele", relata a profissional. E é a partir daí que os problemas poderão surgir.

Para identificá-los, a fisioterapeuta recomenda uma avaliação funcional da musculatura pélvica, justamente para entender a necessidade do paciente na hora de aplicar o tratamento. Reforçando que alguns exercícios podem auxiliar, Gisele alerta para algo simples: é preciso ter uma compreensão maior do íntimo.

Cuidar de si

Sob essa perspectiva, a necessidade de se entender e de tomar uma atitude real sobre o zelo é algo imprescindível. A enfermeira e professora, Natalia Rodrigues, possui uma rotina atarefada e, muitas vezes, vê dificuldade em dar atenção ao corpo. A gravidez despertou o interesse de procurar exercícios para fortalecer o assoalho pélvico, mas o cuidado foi muito além disso.

"Fiz uma avaliação bem ampla para saber o que precisava e para entender como estava a situação do meu assoalho", explicou. No consultório, confessa que aprendeu a se "olhar de uma forma diferente".

"Eu sempre fui atleta e ter uma consciência corporal me ajudou muito, exatamente o que aconteceu com esse tratamento pélvico. Como meu objetivo era trabalhar para um futuro parto, foi muito útil, porque é um período da vida em que todos os movimentos são cruciais", relata.

De acordo com Gisele, o fato de o assoalho estar ligado a funções femininas tão vitais, torna o caráter de importância dessa atenção ainda maior. "Muitas mulheres sofrem de disfunções e acham normal, justamente por não entenderem o funcionamento dessa região do corpo. Algumas pensam que é comum sentir dor durante as relações sexuais, ou até mesmo ter escape de urina. Na verdade, esses comportamentos indicam algo de errado", alerta.

Tratamento

Detectados os problemas ou os objetivos, é chegada a hora de partir para a ação. Com o intuito de fortalecer a musculatura e a relação saudável entre as engrenagens do corpo, as indicações não parecem difíceis: são requisitados alguns exercícios.

"Eles podem ser comportamentais, visando mudar alguns hábitos para melhorar o funcionamento desses órgãos como, por exemplo, a quantidade de líquidos ingerida, a frequência urinária, a alimentação também. No entanto, se levarmos em consideração a fisioterapia, a gente volta a esses exercícios para alguns movimentos pensados para coordenar, contrair e relaxar essa musculatura", esclarece Gisele.

Meses após a gravidez, Natalia conta que os benefícios da inclusão dos procedimentos indicados pela fisioterapeuta foram essenciais, tanto no processo de pós-parto, como nos anos seguintes.

"Até hoje é uma área do meu corpo com a qual me preocupo. E a resposta de toda essa intervenção positiva veio além do esperado. Depois do nascimento do meu filho, passei cerca de 30 dias sem praticar os exercícios e os retomei depois desse período", relata. A volta, inclusive, foi algo que despertou o interesse de Natalia por continuar na mesma linha.

"Muito rápido eu consegui alcançar uma boa contratilidade e relaxamento, tanto nas tarefas simples e até mesmo durante o ato sexual", finaliza. Na realidade de Natalia, foi o treinamento um dos fatores essenciais nessa busca para se dominar.

Seja para mulheres que já vivenciaram a maternidade ou que apresentam problemas de saúde, conhecer e garantir que, até mesmo as partes menos expostas do corpo estejam em harmonia com as outras engrenagens, continua sendo algo essencial para conviver cada vez melhor consigo mesma.

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