Artistas ensinam dinâmicas com música, teatro e pintura para envolver crianças

Wellington Fonseca e Francisco Adriano, o "Faso", oferecem um passo a passo com criativas e fáceis brincadeiras

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Legenda: Artista e brincante Wellington Fonseca já montou uma série de espetáculos infantis e circula com o projeto "Brincantoria"
Foto: Foto: Maria Epinefrina

Após o movimento de isolamento social articulado em prevenção ao contágio do novo coronavírus, as famílias que tiveram como ficar em casa com filhos pequenos têm um desafio dobrado. O de cuidar, diante de todo esse contexto de crise, da própria saúde mental e das crianças.

É normal, nesse momento, que os pais, afetados pelas incertezas, não consigam ter criatividade para ocupar suas crias o "tempo inteiro". Para isso, é possível buscar ajuda e aprender, inclusive, como se faz novas brincadeiras e outras maneiras de orientar uma rotina saudável para eles.

Nesse sentido, os artistas Wellington Fonseca e Francisco Adriano, o "Faso", em entrevista ao Verso, ofereceram um passo a passo com brincadeiras envolvendo música, teatro, desenho, pintura, dentre outros estímulos de arte para a infância.

Com experiência em teatro há 12 anos, Wellington começou trabalhando com crianças da periferia de Fortaleza e enveredou pelo cenário de contação de histórias. Hoje, ele já montou uma série de espetáculos infantis e circula com o projeto "Brincantoria". "Pesquiso como levar todo tipo de arte para infância", resume.

Legenda: Elementos como lenços, cachecol, chapéu, tampa de panela, entre outras, podem ser utilizados durante os momentos
Foto: Foto: Maria Epinefrina

O artista plástico Faso trabalha seus traços desde 2005. Em 2008, fez sua primeira oficina com crianças, pela programação da Bienal do Livro do Ceará, lidando com xilogravuras. Trabalhou com uma série de outros projetos similares, também próximo à cultura das comunidades do interior do Estado e hoje dá aula particular para criança, além de desenvolver um trabalho autoral.

Wellington descreve seis passos para envolver as crianças brincando em casa. O primeiro é o preparo do espaço. Escolher um lugar especial, estender um tapete ou manta, mesmo que a brincadeira ultrapasse esse espaço, é muito importante ter aquele lugar como o espaço do brincar.

O artista recomenda levar para esse local poucos brinquedos e deixar os outros guardados. Colocar outros tipos de objetos divertidos e seguros que não são fabricados como brinquedos: lenços, cachecol, chapéu, tampa de panela, uma gravata, e também um livro de histórias. Na sequência, a ideia é brincar com o corpo inteiro.

"Sempre utilizo a música para começar as minhas brincadeiras, mas percebi que se você canta com o corpo inteiro, não precisa saber tocar um instrumento. Cantar de forma despretensiosa, com o corpo disponível ao erro. É uma divertida e contagiante maneira de iniciar a brincadeira", detalha Wellington.

Ele cita um exemplo de versos pra começar o brincar: "Vai começar/ a brincadeira/ vai começar/ a brincadeira/ a brincadeira vai começar/ só vai brincar quem estiver ESTÁTUA!". Nessa música, que cada um pode inventar a sua melodia, basta modificar o último verso e será possível brincar com o canto e com o corpo por um bom tempo.

Para brincar de teatro, é preciso esticar um lençol na vertical, se possível com um espaço atrás, para os "pequenos atores" e, na frente, para os espectadores. No início, é importante que o adulto faça primeiro o "ator/atriz" para a criança ver como funciona, pedindo inclusive para ela sentar na frente, como um espectador.

Nessa brincadeira, a sugestão é começar com algum bicho dócil como um gato ou cachorrinho, pássaro ou um beija-flor. Em seguida, fazer o caminho de volta e mostrar novamente que tudo voltou ao normal. Depois voltar a repetir o caminho, mas dessa vez fazer um velho, ou uma bruxa, ou um samurai, ou o que a imaginação permitir. Em seguida, troca-se os papéis e, quem é espectador, vira "ator" e, o ator, vira espectador.

O quarto passo envolve "Histórias cantadas". Nessa brincadeira, pode aproveitar a mesma estrutura da cortina mágica e encenar uma música que conte uma história, como por exemplo "A Linda Rosa Juvenil" ou "Terezinha de Jesus". Não precisa tocar violão, basta saber cantar bem a canção escolhida.

Se não souber cantar, fica a dica de procurar uma versão na Internet. A brincadeira é bem simples: cada personagem aparece na frente da cortina, assim que a música cita seu nome e este faz de conta tudo o que a canção disser.

Legenda: Faso trabalha com diferentes manifestações artísticas voltadas para crianças, dentre elas desenho, pintura e xilogravura

Caça

Perto do fim, dá para criar uma versão da brincadeira de caça ao tesouro. Tudo o que foi utilizado nesse dia, adereços, brinquedos e objetos podem ser divididos na mesma quantidade para dois times e, cada time, terá um tempo para escondê-los pela casa. Aquele que encontrar primeiro todos os objetos do outro time vencerá a competição.

E chega o momento de finalizar tudo. Já que a brincadeira terminou com caça ao tesouro, agora é o momento perfeito para arrumar toda ou parte da bagunça feita em casa. Dessa maneira, até a organização pode se tornar uma grande diversão.

É possível brincar de faz de conta com esse momento, dando inclusive algumas funções para os que vão guardar os brinquedos (as crianças), "os brinquedólogos" e, para os que vão guardar os outros objetos (os adultos), os "besteirólogos". Esta é uma excelente oportunidade para se divertir e também ensinar aos filhos.

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