Após 10 anos fora da cena musical local, George Belasco & O Cão Andaluz lança seu primeiro álbum

"Os Cães Veem Coisas" conta a história de um tempo específico e é uma homenagem à obra do escritor cearense Moreira Campos

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@diariodonordeste.com.br

Quando uma obra artística traz apelo "atemporal", essa deixa costuma sustentar uma série de produções autorais que atravessam o tempo sem perder a validade de seus conteúdos. No caso do trio cearense George Belasco & O Cão Andaluz, o movimento segue n'outra direção: o álbum "Os Cães Veem Coisas" conta a história de um tempo específico, passado.

"Lucas, Mamede e eu vivemos as décadas de 1990 e 2000 referenciando grupos musicais nacionais e estrangeiros dos anos 1960 a 1980. Parte da força talvez resida na identificação que o público talvez tenha com o som que fazemos", observa Belasco (voz e guitarra). Lucas Jereissati (baixo) e Leonardo Mamede (bateria) completam a formação.

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Com o título em homenagem à obra do escritor cearense Moreira Campos (falecido em 1994, ele faria 105 anos neste mês), o disco é o primeiro álbum da banda e está disponível nas plataformas digitais desde 15 de janeiro. No próximo dia 2 de fevereiro, o trio lança o novo trabalho no Kult Bar (Meireles).

O disco conta com o suporte do selo local Mercúrio Música. Da realização do último show, em 2009, até este lançamento, George Belasco & O Cão Andaluz tiveram uma longa pausa de 10 anos.

As 10 faixas de "Os Cães Veem Coisas" contaram com a assinatura do guitarrista Felipe Lima (Astronauta Marinho) na produção. O trabalho durou 17 meses, de abril de 2017 a outubro de 2018. E a sonoridade traz o trio local bebendo de diversas fontes do indie rock.

"Como estou distante física e emocionalmente de Fortaleza - atualmente moro e trabalho na região metropolitana - tive de gravar 1/3 do material em casa e enviar para o Felipe tratar. Conciliar a vida cotidiana, trabalho e atividades extraordinárias como gravar um disco é um trabalho de logística grande", esclarece Belasco.

Contato

O espírito do disco se encontra com a referência poética de Moreira Campos. George Belasco observa que quando leu o primeiro conto assinado pelo escritor cearense, "fiquei boquiaberto pelo toque sobrenatural inserido na banalidade do dia a dia. Remeteu-me direto a Gabriel Garcia Márquez e José Alcides Pinto (também cearense, 1923-2008)", recorda o músico.

Indagado se a banda seguirá produzindo após o lançamento, Belasco sinaliza que o trio deve cadenciar seu ritmo de criação. "Já começamos a pensar na próxima gravação e refletir sobre o que vivemos até aqui. Shows são bons, mas a urgência de ensaiar três vezes por semana ficou no passado", diz o músico.

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