11ª Mostra Unifor de Cinema ocorre nesta quinta (21) e sexta no Cinema do Dragão

O evento acontece pela primeira vez fora do ambiente universitário. A programação reúne 10 filmes de cineastas locais, estudantes do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza

Escrito por Felipe Gurgel , felipe.gurgel@svm.com.br
Legenda: Realizadores desta edição: produções refletem novo projeto pedagógico do Curso de Cinema
Foto: Foto: Eduardo Brasil

Pela primeira vez, a Mostra Unifor de Cinema (MUC) sai do ambiente acadêmico. A 11ª edição do evento ocorre nesta quinta (21) e sexta (22), a partir das 19h30, no Cinema do Dragão (Praia de Iracema). A programação é gratuita. Neste ano, 10 curtas-metragens serão exibidos. A produção é a primeira leva de criações audiovisuais do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza depois que, no segundo semestre de 2017, a formação implantou um novo projeto pedagógico.

A mostra conta com os trabalhos realizados em 2018 e 2019; e traz a assinatura dos novos cineastas Sávio Fernandes, Vítor Rennan, Vitória Régia, Julia Rabay, Lara Frota, Thomaz Cavalcante, Bruno Bressam, Leão Neto, Pedro Ulee, Esther Arruda, Rodger Lucas e Alan Sousa.

O resultado são trabalhos sensíveis, que discutem o mundo contemporâneo, as memórias da cidade, as sensibilidades da juventude, as provocações contemporâneas de todas as ordens. É um conjunto de filmes muito instigantes", endossa a cineasta Bete Jaguaribe, coordenadora do Curso de Cinema e Audiovisual.

Para Bete, a mostra deste ano dá um passo além e leva a produção dos estudantes para um dos cinemas mais importantes de Fortaleza. Segundo ela, esse movimento possibilita que os filmes, antes concentrados no ambiente acadêmico e em outros eventos do circuito de cinema independente, possam encontrar um público mais amplo.

"Esse encontro é também fundamental para o aprofundamento dos processos de formação de nossos alunos, porque intensifica o debate sobre a experiência de criação", complementa a coordenadora.

Ainda antes de conferir a mostra, o público pode ver o perfil das obras e perceber seu apelo contemporâneo e político. De acordo com Bete Jaguaribe, a formação humanística dos cineastas é elaborada desde a criação do projeto pedagógico do curso.

Para ela, o olhar do cineasta precisa estar atento "às coisas do mundo", ao que acontece ao seu redor. "A arte é a crítica da cultura, é a possibilidade de nos entendermos enquanto moradores de uma cidade, estado, país, mundo. Por isso, o ato artístico é especialmente fundamental na experiência social contemporânea, tão complexa e também desafiadora", reflete a cineasta.

Títulos como "Tommy Brilho", "Maria Maculada", "Icarus" e "Entre Fronteiras" trafegam pelo debate sobre a memória, das subjetividades, das incertezas, da política e das sexualidades, dentre outras inquietações da vida da juventude de hoje.

Legenda: Recorte do filme "Maria Maculada", de Bruno Bressam e Leão Neto

Parte da produção já esteve inserida na programação de eventos como o Festival de Roteiro Audiovisual de Porto Alegre (RS), 29º Cine Ceará - Festival Ibero-americano de Cinema e o 17º Festival NOIA (CE).

Ecologia do desastre

Indagada sobre qual seria o papel político do curso da Universidade de Fortaleza para um contexto cultural em conflito (a Secretaria Especial da Cultura, por exemplo, acaba de ser transferida para o Ministério do Turismo, no âmbito do Governo Federal), Bete Jaguaribe observa que o Brasil vive hoje, em relação à cultura e à dinâmica social, uma "ecologia do desastre". O termo é um conceito usado pelo pensador indígena brasileiro Ailton Krenac.

Um ambiente social que normaliza as tragédias, como o derramamento de óleo nas praias do Nordeste. Os ataques à cultura e às artes no Brasil acontecem nesse cenário, em que a institucionalidade do País (aí incluem-se as grandes corporações e os governos) virou as costas para o Brasil", critica a cineasta.

Citando ainda as ofensas dirigidas para a atriz Fernanda Montenegro, Bete coloca que o papel do ambiente acadêmico é resistir, nutrindo o pensamento livre e o exercício da crítica.

"Nessa perspectiva, nosso curso não é diferente das demais experiências acadêmicas, que, acredito, devem ter o compromisso radical com as liberdades de expressão. Devemos, talvez, estar mais atentos na medida em que o cinema é o principal alvo dos ataques. E a resposta deve ser continuarmos o fazer cinematográfico, com disposição, coragem e intensidade", avalia.

Serviço 
XI Mostra Unifor de Cinema 

Nesta quinta (21) e sexta (22), às 19h30, no Cinema do Dragão (Rua Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema). Acesso gratuito.  

Programação 

Quinta (21), a partir das 19h30, na Sala 1 do Cinema do Dragão 
“Tommy Brilho” (Sávio Fernandes) 
“Icarus” (Vítor Rennan e Vitória Régia) 
“NVTA: Não Vai Te Atrapalhar” (Julia Rabay) 
“Desaguar” (Lara Frota) 
“Laço Pixelado” (Thomaz Cavalcante) 

Legenda: Recorte do filme "Laço Pixelado", de Thomaz Cavalcante

Sexta (22), a partir das 19h30, na Sala 1 do Cinema do Dragão 
“Maria Maculada” (Bruno Bressam e Leão Neto) 
“Oração ao Cadáver Desconhecido” (Sávio Fernandes) 
“A Mulher da Pele Azul” (Pedro Ulee e Esther Arruda) 
“O Som da Tua Voz” (Rodger Lucas) 
“Entre Fronteiras” (Alan Sousa) 

 

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