Secretaria da Segurança irá dobrar frota de drones em 2019

Primeiro ano de uso da tecnologia foi avaliado como satisfatório e a pasta gastará mais R$ 432 mil para adquirir veículos aéreos não tripulados

Escrito por Messias Borges , messias.borges@diariodonordeste.com.br

Ações do crime organizado e desastres naturais podem ser vistos de outra forma. Com imagens aéreas que otimizam análises macroscópicas, os veículos aéreos não tripulados (ou simplesmente drones) vieram para ficar nas Forças de Segurança do Ceará. Após o primeiro ano de uso da tecnologia, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) quer dobrar a atual frota - com 27 aeronaves - para 54 equipamentos, em 2019.

A primeira leva de drones foi adquirida em dezembro de 2017, por R$ 159 mil (R$ 5,9 mil a unidade), e começou a operar em fevereiro deste ano, após o treinamento de 34 agentes de segurança. O lote foi distribuído entre a Polícia Civil do Ceará (PCCE), a Polícia Militar do Ceará (PMCE), o Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE) e a Perícia Forense do Ceará (Pefoce).

O diretor-geral da Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp), tenente-coronel Juarez Gomes Nunes Júnior, afirmou que o investimento nas aeronaves não tripuladas se deu pela "necessidade de evolução tecnológica dos equipamentos de segurança". "Esse equipamento promove uma dimensão maior do alcance da visibilidade da corporação, em relação ao desmembramento das ações criminosas ou daquilo que subverte a ordem", descreve.

Controlados por joysticks (controles) acoplados a celulares ou tablets, os drones profissionais da frota da Secretaria da Segurança portam uma câmera e alcançam até 5 km de distância horizontal. A altura máxima, de 120 m, é determinada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Mas, para 2019, a Pasta quer contar com equipamentos mais modernos e já negocia a compra de 27 aeronaves, baterias reservas e tablets, pelo valor de R$ 432 mil.

Utilizações

Na Polícia Civil, os veículos aéreos não tripulados são utilizados em investigações, principalmente contra o crime organizado. O tenente-coronel Juarez ressalta que o drone consegue atuar sem ser percebido pelos infratores, mas não dá mais detalhes sobre o uso policial, para não prejudicar as operações: "O equipamento é muito pequeno. Quando decola, está a 50, 100 metros de altura, você não vê nem ouve mais, mas ele está lá. Não vale a pena a gente dizer como a Polícia Civil trabalha com os drones, porque quebraria o sigilo das investigações".

A tecnologia também colabora com o planejamento e a execução de ações ostensivas da Polícia Militar, como em megaeventos. A subcomandante de Policiamento Especializado (CPE), tenente-coronel Keydna Carneiro, informa que as aeronaves já foram utilizadas pela Polícia Militar em jogos de futebol na Arena Castelão e conseguiram, por exemplo, identificar uma briga entre torcedores e acionar os policiais militares, para encerrarem o confronto. Após o estádio, o desafio agora será ainda maior: o Réveillon de Fortaleza. Quatro drones irão sobrevoar a multidão, para prevenir e combater ações criminosas e acionar os agentes de segurança para prestar algum auxílio, se necessário.

Ocorrências

A Pefoce possui dois drones. O equipamento maior, convencional, é voltado para ambientes abertos e permite uma visão macroscópica de locais de crimes como homicídios e roubos, crimes ambientais e acidentes de trabalho e de trânsito. Já "o drone de pequeno porte é utilizado pela Perícia para análise em locais fechados, visando fazer uma varredura e minimizar os riscos da integridade física da equipe pericial. Por exemplo, um desabamento ou um incêndio onde a estrutura está comprometida", define o supervisor do Núcleo de Perícia em Engenharia Legal e Meio Ambiente (NPELM), Fernando Viana.

A aeronave não tripulada foi utilizada para captar imagens macroscópicas e incrementar a perícia da investigação da morte do turista paulista Ricardo José Hilário Silva, no Beach Park, em Aquiraz, no dia 16 de julho deste ano, por exemplo. O laudo pericial, concluído em 29 de setembro último, constatou que a vítima e os outros usuários do brinquedo 'Vainkará' não tiveram responsabilidade no acidente fatal e identificou que a causa da ocorrência foi o excesso e o possível erro na distribuição de peso na boia.

Já o Corpo de Bombeiros dispõe de cinco drones (quatro na Capital e um em Juazeiro do Norte), que são utilizados para a análise de incêndios e apoio em resgates. Uma das primeiras ocorrências a utilizar o veículo aéreo não tripulado foi o incêndio de grandes proporções que atingiu o Centro de Triagem de Cartas e Encomendas dos Correios, em Fortaleza, em 13 de fevereiro deste ano. "Os bombeiros decolaram o drone e, num voo panorâmico, conseguiram localizar os principais focos de incêndio dentro daquelas instalações e destinar as atividades para os locais corretos, e não jogaram água no prédio", pontuou o tenente-coronel Juarez.

Entusiasmada com o primeiro ano de uso dos drones, a Secretaria da Segurança Pública dobrará a frota de veículos aéreos não tripulados no próximo ano. Tecnologia é utilizada na prevenção e combate de crimes

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