Secretaria busca permanência de detentos em presídios federais

Os pedidos foram publicados nesta semana, no Diário da Justiça, com a alegação de que o Estado do Ceará não tem estabelecimento penal de segurança máxima para manter líderes de facções criminosas

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br

Manter longe das unidades prisionais cearenses determinados presos considerados de alta periculosidade vem sendo estratégia adotada com constância pelas autoridades do Ceará. Com o objetivo de manter a ordem dentro dos equipamentos do Estado, tomados por membros de facções que ditam ordens dentro e fora da prisão e com problemas graves de superlotação, o envio e a manutenção de líderes de organizações criminosas nos presídios federais são medidas recorrentes.

Nesta semana, a Secretaria da Administração Penitenciária do Ceará (SAP-CE) solicitou a permanência de apenados em prédios de segurança máxima, localizados em outros estados do País. No último dia 15, a SAP ingressou com pedido para manter, em um presídio federal, o assaltante, traficante e sequestrador José Glauberto Teixeira do Nascimento, conhecido como 'Amarelo', 'Gleisim' ou 'Empresário'; o assaltante de banco Márcio Henrique Jácome Lopes, o 'Márcio Pitbull' e João Vaz de Sousa Neto. De acordo com as solicitações publicadas no Diário da Justiça, a Pasta alega "ausência de estabelecimento penal de segurança máxima neste Estado". A tentativa de impedir o retorno dos detentos ao Ceará se deve diretamente ao perfil de alta periculosidade dos detentos.

No caso de José Glauberto, ele foi considerado pela Polícia cearense como um dos principais líderes da facção Comando Vermelho (CV) do Nordeste e é suspeito por cometer assaltos, sequestros, traficar drogas, além de comandar rebeliões. Atualmente, ele segue recluso na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Transferências

No ano de 2018, conforme levantamento feito pelo Ministério da Justiça e da Segurança Pública, o Ceará gastou R$ 6 milhões em escoltas de presos para unidades federais. No Brasil, o gasto foi, pelo menos, de R$ 248,5 milhões. O valor contempla pagamento de diárias, manutenção de veículos e combustível.

Um dos recambiados no ano passado para fora do Estado do Ceará foi Auricélio Sousa Freitas, o 'Celinho', tido como um dos líderes da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE). O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) entendeu como de grande importância mantê-lo longe do Estado. Em fevereiro deste ano, o órgão acusatório apresentou razões para 'Celinho' permanecer no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná.

Quando o Estado enfrentou, no início deste ano, a maior sequência de ofensivas contra a Segurança Pública, a retirada de presos encarcerados no Sistema Penitenciário Cearense foi tratada como prioridade. Primeiro, 21 líderes de facções foram transferidos, depois outros 15 enviados a uma unidade de segurança máxima em Mossoró.

Dentre as primeiras 21 transferências de 2019 esteva Francisco Jonas Andrade Albuquerque, o 'Jonas Boyzinho', acusado por tráfico de drogas e assaltos. Ele foi enviado à Penitenciária Federal de Campo Grande há dois meses, e ainda permanece no equipamento.

Ainda em janeiro deste ano, foi pedida a inclusão cautelar na Penitenciária Federal de Catanduvas de 10 presos, dentre eles um dos chefes do tráfico no Ceará e outro conhecido assaltante de carros de luxo que já integrou a lista dos vinte criminosos mais procurados do Estado.

Na mesma época, o Ministério Público do Ceará indicou que Robério Cezar Alves Aguiar, Antônio Wallyson Felipe dos Santos, Fabiano Silva Lima, Gutielio Madeira da Silva, Renan Pereira da Silva, Antônio Márcio da Silva, Rogério de Oliveira Cury, Daniel Belmiro José Rodrigues, Francisco Rafael Alves da Silva e Maycon da Silva Nascimento eram de alta periculosidade e a Justiça Federal autorizou o pedido de transferência dos acusados com urgência.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.