Resgate de dez presos ainda não foi julgado depois de nove anos

Detentos armados fizeram agentes penitenciários reféns e os comparsas soltos atiraram contra PMs que estavam na muralha, em Itaitinga, em 2011. Entre os fugitivos, sequestradores e acusados de furto ao Banco Central

Escrito por Redação ,
Legenda: Bando agiu paralelamente, dentro e fora do IPPOO II, para resgatar os detentos
Foto: Bruno Gomes

Um resgate cinematográfico: criminosos, armados com fuzis, invadiram o Instituto Penal Professor Olavo Oliveira II (IPPOO II), em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), enfrentaram os agentes de segurança e resgataram dez presos. Nove anos depois, os processos criminais gerados na Justiça Estadual pela ação ousada seguem sem julgamento.

Entre os fugitivos estavam o sequestrador e assaltante de bancos e carros-fortes, Alexandre de Sousa Ribeiro, o 'Alex Gardenal', e três condenados por participação no furto milionário ao Banco Central (BC), Edésio Batista das Neves Sobrinho, Fernando de Carvalho Pereira, o 'Fernandinho', e Marcos Rogério Machado de Morais, o 'Rogério Bocão'.

O resgate aconteceu por volta de 13h30 do dia 5 de fevereiro de 2011, quando ocorria uma visita de familiares aos detentos. A ação criminosa se deu em duas frentes, paralelamente: enquanto os presos rendiam os agentes penitenciários na posse de armas de fogo, os comparsas atiravam contra os policiais militares que faziam a segurança na muralha da unidade prisional. Dois agentes penitenciários foram feridos e um PM foi baleado de raspão. A quadrilha fugiu em quatro veículos.

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou 16 homens, no dia 29 de abril daquele ano. Ângelo de Sousa Ribeiro; Emerson Pitbull; Francisco Fabiano da Silva Aquino, o 'Fabinho da Pavuna'; Francisco Marcelo Riberito; Jadelson Manoel de Aguiar; e Wellington Marques da Silva Moura foram acusados de fuga de pessoa presa ou submetida à medida de segurança e associação criminosa.

Já 'Alex Gardenal'; Edésio Sobrinho; 'Fernandinho'; e 'Rogério Bocão'; além dos outros fugitivos, Antônio Reginaldo Araújo; Edson Barbosa Andrade da Silva; Francisco das Chagas Rodrigues, o 'Zico'; Francisco Ediverton Amaro Honório; Francisco Mauro Jean de Lima; e Rosiélio Chaves Vieira foram denunciados por evasão mediante violência contra a pessoa, associação criminosa e posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

Poucas horas após o resgate, seis deles foram presos: 'Alex Gardenal', Édson Barbosa, 'Fabinho da Pavuna', Jadelson Manoel, Wellington Marques e 'Zico'. Nos anos seguintes, houve a prisão de outros suspeitos, morte de três membros do bando e soltura de envolvidos em uma das ações mais ousadas da história do sistema penitenciário cearense.

O caso foi desmembrado em dois processos. Questionado sobre a demora dos julgamentos, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) explicou que o processo principal, com 13 réus, é de grande complexidade e "houve a necessidade de expedição de cartas precatórias, tendo em vista a dificuldade em localizar os réus que encontravam-se presos em presídios federais, localizados em outros estados". Já na outra ação penal, os réus estão foragidos, o que impossibilitou a citação pessoal e atrasou o trâmite processual.

Criminosos

'Alex Gardenal' é um dos criminosos mais famosos do Estado, nas últimas décadas. Ele responde a extorsão mediante sequestro e roubo a instituição financeira, na Justiça do Ceará, e acumula fugas de presídios. O seu principal comparsa, 'Fabinho da Pavuna', foi apontado como um dos autores do resgate e também responde por sequestros e roubos. Segundo a Polícia, a dupla tinha um pacto, à época, em que um tinha que resgatar o outro da prisão.

Edésio, 'Fernandinho' e 'Rogério Bocão' foram condenados, na primeira instância da Justiça Federal, a 123 anos, 45 anos e 57 anos de prisão, respectivamente, por participação no furto de R$ 164,7 milhões do Banco Central - ocorrido em agosto de 2005 - e na lavagem de dinheiro do crime. Nas instâncias superiores, as penas de Edésio e 'Bocão' diminuíram para 18 anos e 35 anos de reclusão.

Para a Polícia, 'Rogério Bocão' foi o mentor do plano de resgate no IPPOO II. Ele é apontado como integrante da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e é primo do chefe da quadrilha que furtou o BC, Antônio Jussivan Alves dos Santos, o 'Alemão'.

 

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