Quadrilha faturou pelo menos R$ 2 milhões com caça-níqueis

Chefe da organização criminosa foi preso e bens avaliados em R$ 5 milhões, sequestrados, por ordens judiciais. Polícia Civil irá aprofundar investigações sobre esquema criminoso de jogo do bicho que teria o mesmo grupo à frente

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
Legenda: Foram apreendidos eletrônicos, documentos, anotações, talões de cheque e dinheiro

Uma organização criminosa, que atuava com jogos de azar e foi desarticulada pela Polícia Civil do Ceará (PCCE) nesta semana, faturou pelo menos R$ 2 milhões apenas com máquinas caça-níqueis. Mas as cifras totais, obtidas pela quadrilha, ainda são desconhecidas pelos investigadores.

Uma apuração de dois anos e meio resultou na prisão preventiva do suposto chefe do grupo criminoso, em Juazeiro do Norte, na última terça-feira (21). Cícero Auricélio Leite das Neves, de 45 anos e natural de Aurora (CE), era o verdadeiro mentor do esquema, segundo a Polícia.

A investigação começou com a apreensão de 114 máquinas caça-níqueis, em uma residência no bairro Aldeota, em Fortaleza, no dia 7 de julho de 2017, que funcionava com o nome de VB Games. "Com a apreensão dos objetos e dos documentos, nosso setor de inteligência começou a fazer um levantamento e foi possível identificar o funcionamento dessa atividade", explica o titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), delegado Harley Filho.

De acordo com Harley, os relatórios de movimentação de caixa do estabelecimento apontavam faturamento mensal de cerca R$ 300 mil. A VB Games funcionou por oito meses na área nobre da Capital, o que soma um lucro de aproximadamente R$ 2,4 milhões, estipulados pela Polícia. Entretanto, os criminosos realizavam saques frequentes e, no dia da operação, foram apreendidos apenas R$ 4 mil em espécie. "As máquinas eram programadas para dar lucro para esse grupo", afirma o delegado.

Na semana seguinte, no dia 14 de julho de 2017, a Draco fechou um escritório da quadrilha, que funcionava como rede de jogo do bicho, com o nome de Império da Sorte, no Centro de Fortaleza. A Especializada da Polícia Civil recebeu uma denúncia que Cícero Auricélio também é dono de 200 bancas de jogo do bicho, na Capital, e investiga o caso. "É esse trabalho que vamos fazer agora. Vamos avaliar todos os objetos apreendidos, eletrônicos e anotações (com o suspeito)", garante Harley.

As primeiras informações levantadas pela Polícia dão conta de que o esquema criminoso de jogo do bicho contava com cobradores e cambistas. Os cobradores passavam pelos cambistas para arrecadar 70% do faturamento da venda do jogo ilícito e para deixar 30% com esses cambistas.

Lavagem

O dinheiro obtido por Cícero Auricélio com os jogos de azar em Fortaleza era "lavado" com a compra de imóveis e veículos na região do Cariri. Além de decretar a prisão do suspeito, a Justiça Estadual autorizou o sequestro de 12 imóveis (entre terrenos, prédios comerciais e salas comerciais) e de dois automóveis, avaliados em um total de R$ 5 milhões. Foram apreendidos documentos, anotações, talões de cheque e eletrônicos. "O investigado não esbanjou nenhuma reação. Foi uma ação precisa e cirúrgica da Delegacia", classifica o adjunto da Draco, delegado Alceu Viana.

Segundo Harley Filho, o preso "morava lá (em Juazeiro do Norte) e vinha uma vez na semana (para Fortaleza) fazer esse acompanhamento, coordenação. Cada um tinha uma função. Tinha uma pessoa específica para organizar a parte financeira, tinha outra pessoa para realizar as sangrias, ou seja, os saques das máquinas caça-níqueis, outra para angariar funcionários para fazer a segurança do local. Era uma teia muito bem organizada".

O titular da Draco revela que o suspeito levava uma vida confortável no Cariri, com viagens ao exterior e carro importado. "Mas como ele sabia que era alvo de investigação, ele não levava vida de luxo exacerbada", pondera.

Cícero Auricélio irá responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, contravenção pelo jogo do bicho, estelionato e uso de documento falso - já que ele teria fraudado uma certidão de conclusão do Ensino Médio para cursar Direito e, consequentemente, caso fosse preso, iria para uma sala de Estado Maior.

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