Protesto cobra Justiça para todas as travestis mortas

Escrito por Redação ,

Renan Monteiro, 27, brinca que iniciou esta quinta-feira (5) como princesa. "O 66 (Parangaba/Papicu/Aeroporto) tava tão lotado, minha gente, que eu vinha sendo levado por cima", rememora. Chegou pontualmente às 7h30 ao ato público "Justiça Para Dandara", convocado pelo Grupo de Resistência Asa Branca (Grab) e pelo Fórum Cearense LGBT, em frente ao Fórum Clovis Beviláqua.

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Não viu muitos dos que esperava, mas permaneceu de pé até o fim do manifesto. No evento na rede social Facebook, criado pelo GRAB, 88 pessoas marcaram presença e outras 179 declararam interesse pelo ato. No entanto, durante toda a manhã, cinco pessoas se dividiram entre segurar as faixas com palavras de ordem, cantar gritos de guerra em prol de Dandara e responder às perguntas da imprensa e de transeuntes. Alguns passavam e demonstravam apoio.

Compromisso

O ator Ari Areia, antes de adentrar o julgamento, abraçou a cada um dos presentes. E cobrou. "Falta compromisso do Governo do Estado, que assumiu há um ano atrás a criação do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos LGBT, prometido em março e para dali a duas semanas. Além de uma maior relação da Secretaria de Segurança com esses crimes, que devem ser qualificados", especificou.

Lorena Greyce, 17, saiu cedo de Maracanaú e seguiu para o evento que descobrira no Twitter. "Acho importante estar aqui e deixar minha ajuda. As pessoas hoje estão matando por nada. Eu acho que deveria ter uma lei mais severa, principalmente, para esses tipos de caso", frisou. A amiga, Yasmin Miranda, 17, lembrou dos amigos LGBTs que têm. "Essa manifestação é em apoio a eles", destacou. As duas concordaram quanto a possível pena dos acusados, de 30 anos: "pouca e ridícula".

Enquanto a reportagem conversava com as jovens, um senhor, que ia em direção à entrada do Fórum, indagava se tudo aquilo "era somente por causa de um gay que morreu". Não houve respostas por parte dos manifestantes. Mas talvez o senhor não tenha ouvido o retumbar das vozes ao pronunciarem, do fundo dos corações: "Justiça para Dandara, para Érika e para todas".

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