Polícia investiga ameaça de carro-bomba na Assembleia

De acordo com a Secretaria da Segurança, nenhuma hipótese está descartada pelos investigadores

Escrito por Levi de Freitas - Repórter ,
Legenda: A reportagem do Diário do Nordeste acompanhou o trabalho dos homens do Esquadrão Antibombas do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate)
Foto: FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES

A Polícia investiga uma carga de 13,3 kg de material explosivo que foi encontrada na madrugada de ontem dentro de um veículo Vokswagen UP de cor prata, abandonado nas proximidades da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (AL/CE). A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) diz que não está descartada nenhuma possibilidade. Dentre as suspeitas, as principais são que o produto seria usado para atacar instituições financeiras ou uma retaliação de criminosos à Lei que proíbe o sinal de telefone nos arredores dos presídios do Ceará. Uma mensagem no Facebook ameaçando 10 prédios públicos e um celular apreendido em um presídio ainda podem dar outro viés para as investigações.

>Deputados estão preocupados com segurança na AL 

Segundo a SSPDS, uma denúncia anônima ainda na noite da última segunda-feira (4), teria informado à Polícia que havia explosivos no porta-malas de um veículo, com placas com queixa de roubo, estacionado na Rua Francisco Holanda, próximo à Avenida Desembargador Moreira, nos arredores da AL, no bairro Dionísio Torres. A reportagem apurou, no entanto, que policiais da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da SSPDS tomaram conhecimento do material abandonado e deram o alerta.

Por volta de 23h da segunda-feira, a área foi isolada e o trânsito teve de ser desviado também das proximidades. A reportagem do Diário do Nordeste acompanhou o trabalho do Esquadrão Antibombas do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE).

O grupo, formado por especialistas em explosivos, foi acionado e direcionado ao local para realizar a remoção e desativação dos artefatos. Utilizando um robô, os agentes militares conseguiram retirar o material bélico e desativá-lo. Todo o trabalho encerrou por volta das 2h.

Em seguida, os explosivos retirados do carro foram encaminhados ao 34º DP (Centro), plantonista responsável pela área onde o material foi achado. Lá foi realizado o registro da ocorrência, bem como o termo de apreensão dos produtos. A dinamite, contudo, não ficou na Delegacia. Os policiais do Gate levaram os artefatos interceptados para o paiol do quartel, por segurança, onde serão submetidos à fiscalização do Exército Brasileiro (EB).

Segundo o comandante da 1ª Cia do 8º BPM, capitão Hideraldo Belline, o carro foi roubado no último domingo (3) por dois homens, no bairro Parquelândia, em Fortaleza.

De acordo com a SSPDS, foram ao todo "13,3 quilos de emulsão de nitrato de amônia (popularmente conhecido como bananas de dinamite - sem detonador à distância) dentro do porta-malas". Segundo uma fonte ligada à SSPDS, a carga de 48 cartuchos de emulsões estava pronta para detonação. O estopim tinha cerca de 50 cm e, conforme a reportagem apurou, levaria cerca de dois minutos para detonar. Isso daria tempo para a pessoa acender e fugir, conforme a fonte.

As investigações acerca da procedência dos explosivos ficará a cargo da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF). À reportagem, pessoas ligadas à Polícia Civil informaram que não havia ainda uma linha de investigação delimitada. Contudo, segundo policiais que conversaram com a reportagem, é comum entre as quadrilhas que atacam instituições financeiras deixar veículos com explosivos estacionados em áreas próximas ou que sejam caminho para chegar até o banco que seria alvo.

Desta forma, os criminosos não correriam o risco de permanecer com o explosivo por muito tempo, tanto no deslocamento até os alvos quanto abrigados nos esconderijos. Nas proximidades da Assembleia Legislativa há três agências bancárias, sendo duas na Avenida Pontes Vieira e uma na Avenida Desembargador Moreira.

Ameaças

Entretanto, em texto divulgado nas redes sociais, facções criminosas do Estado reclamam a posse dos explosivos, levantando a hipótese de um suposto atentado contra o governo.

A mensagem, em tom intimidatório, indica que os explosivos teriam sido deixados na Assembleia Legislativa como um aviso pelo crime organizado. Conforme o texto, os criminosos exigem o veto à Lei Estadual que obriga as operadoras de telefonia a criarem uma zona de sombra nos arredores das unidades penitenciárias, impossibilitando assim o uso de aparelhos celulares nos presídios.

"Comunicado aos deputados e governantes do Estado do Ceará. Não queremos saber o que o Sr. Governador irá fazer pra vetar essa lei que o Sr e seus amigos parlamentares fizeram. Mas o Sr dê um jeito de vetar o mais rápido possível, pois caso contrário iremos tomar atitudes drásticas. O crime está muito bem preparado para uma guerra contra o governo (sic)", diz um trecho do texto, publicado na tarde de segunda. O autor ainda diz que há outros 10 carros com bombas em prédios públicos. Conforme a Secretaria de Segurança, a veiculação destes materiais também é investigada, "não descartando nenhuma possibilidade".

A reportagem apurou que foi apreendido um celular em um presídio que teria informações relativas a essas ameaças. Na tarde de ontem, o governador Camilo Santana esteve reunido com a cúpula da SSPDS no Palácio da Abolição. À noite, foi realizado reforço na segurança de Batalhões de Polícia e Delegacias, assim como de prédios públicos.

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