Polícia Civil irá pedir mais 30 dias à Justiça para concluir inquérito sobre morte de prefeito

Um mês não foi suficiente para finalizar a investigação do assassinato do prefeito de Granjeiro, João Gregório Neto. Apuração aponta para briga política como motivação e identificou cinco suspeitos, inclusive o atual prefeito e o pai

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Legenda: A família de João Gregório pediu pela punição aos responsáveis pelo homicídio, em protesto realizado, ontem, em frente ao Fórum da Comarca de Caririaçu (que engloba Granjeiro)

Dois presos, outros três homens sendo investigados e dois veículos apreendidos. O primeiro mês não foi suficiente para concluir a investigação sobre o assassinato do prefeito de Granjeiro, João Gregório Neto, o 'João do Povo', de 54 anos, ocorrido no dia 24 de dezembro do ano passado. A Polícia Civil irá pedir mais 30 dias à Justiça Estadual para concluir o Inquérito Policial.

"Estamos trabalhando, fazendo análise do material apreendido e averiguando denúncias recebidas. O prazo para concluir o inquérito, quando o suspeito está preso, é de 10 dias. Se tem suspeito solto, o prazo é de 30 dias. Mas como é um caso complexo, vamos solicitar mais 30 dias. Podemos concluir antes ou depois e pedir mais tempo", afirma o diretor de Departamento de Polícia Judiciária do Interior Sul (DPJI-Sul), delegado Ricardo Pinheiro.

A investigação do homicídio aponta para motivação por briga política. Na última segunda-feira (20), em coletiva de imprensa, o secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, afirmou que, com as duas prisões e com a apreensão de um veículo utilizado no crime, "fica mais forte a tese de que se tratou de um crime político".

A suspeita é que o assassinato tenha sido encomendado pelo vice de João Gregório e atual prefeito de Granjeiro, Ticiano Tomé, e pelo pai dele, Vicente Félix de Souza, o 'Vicente Tomé'. A Polícia Civil pediu a prisão de ambos, mas a Justiça Estadual recusou e concedeu apenas o monitoramento por tornozeleira eletrônica de Vicente, além de mandados de busca e apreensão em imóveis da família - que resultaram na apreensão de um veículo Chevrolet S-10 que teria dado apoio aos executores.

A defesa de Vicente e Ticiano pregou cautela sobre as investigações. "Nós temos um procedimento inquisitivo, ainda no início. Nós não temos nenhum indiciamento formal, que tenha Ticiano Tomé ou o seu pai, Vicente Tomé, como autores intelectuais do delito. É ainda muito precoce essa afirmação. A Polícia ainda investiga e trilha outras linhas de investigação", ponderou o advogado Luciano Daniel.

Outro pedido de prisão foi acatado pelo Judiciário. Um homem (que não teve a identidade revelada), suspeito de participar da execução e alugar o veículo utilizado no crime, é considerado foragido. A Polícia procura por ele no Ceará e em estados vizinhos.

No Piauí, foi preso Carlos Alberto Ferreira Cavalcanti, suspeito de participar do homicídio e flagranteado na posse do veículo utilizado pelos executores do prefeito, um Volkswagen Polo. Enquanto no Maranhão, foi capturado o empresário Ronndinere Francino de Andrade, que comprou o Polo e alterou as placas veiculares.

A Polícia quer embasar o Inquérito com exames da Perícia Forense do Ceará (Pefoce), como a extração de material genético e papiloscopia nos veículos apreendidos e a extração de dados dos aparelhos celulares retidos. "A Pefoce já está entregando alguns laudos e vai concluir outros", pontua Ricardo Pinheiro.

Protesto

O tempo aumenta a dor da família de João Gregório, que pediu pela punição aos responsáveis pelo homicídio, em protesto realizado em frente ao Fórum da Comarca de Caririaçu (que engloba Granjeiro), ontem. "Esse período de 30 dias foi de indignação, porque, de acordo com a Polícia Civil, pelas principais linhas de investigação, foi uma conotação política. E até o momento não houve, de certa forma, uma resposta mais rígida, eficiente, no sentido de punir os verdadeiros culpados", comentou o primo da vítima, Antônio Gregório.

"É muito difícil. Não só pra nós, mas pra todo mundo, ele era querido por todos. A gente jamais pensou que um dia isso fosse acontecer", reforça a esposa, Patrícia Bezerra.

Kléber Freitas, assessor do prefeito assassinado, revelou que já tinha avisado ao gestor sobre a possibilidade de um atentado, após os rivais políticos tentarem afastar o prefeito por meio da Câmara Municipal. "Eu chamei o prefeito e disse: João, eles estão vendo que não vão conseguir te afastar por Justiça, pela Câmara eles não conseguem porque a gente sabe quem são os nossos vereadores. Então tu cuida na tua vida, que vão atrás de te matar'. Eu disse isso com todas as palavras. Não foi só uma, nem duas, nem três vezes. Foram várias".

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