Polícia analisa delações de suspeitos presos em ataques ao Estado

Secretário André Costa afirma que detidos nas operações policiais, no fim de setembro, deram informações que podem levar a outros criminosos envolvidos com as ações. Material apreendido também será examinado

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br
Legenda: Estado contabilizou 115 ações criminosas, entre os dias 20 e 30 de setembro deste ano, atribuídas à facção Guardiões do Estado
Foto: FOTO: CAMILA LIMA

Dezenas de veículos incendiados, prédios públicos atacados, rotina de cidades alterada e população refém do medo: em setembro, o Ceará vivenciou a segunda maior onda de ataques criminosos de 2019. As Forças de Segurança reagiram e os atentados cessaram após 11 dias, mas o trabalho de investigação sobre as ocorrências ainda não acabou. 

Conforme o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, a Inteligência da Pasta avalia o conteúdo de delações feitas por suspeitos presos durante as ações policiais.

Mais de 260 pessoas – entre adultos e adolescentes – foram capturadas por envolvimento com os ataques, de acordo com o secretário. “Estamos analisando muito material que foi aprendido, muito conteúdo de delações que foram feitas por criminosos presos nesse período. Tudo isso está servindo para a produção de conhecimento e para basear e fundamentar representações policiais, junto ao Judiciário, para decisão por novos mandados de prisão e de busca e apreensão”, explicou, em entrevista concedida ontem.

O secretário não detalhou quantas delações foram realizadas, mas ressaltou que foi “um grande número”. Segundo ele, muitas narrativas vêm acompanhadas por equipamentos ou documentos apreendidos “que trazem mais elementos de prova”. 

Na leitura de André Costa, as denúncias dos próprios criminosos revelam uma mudança de comportamento no crime organizado, diante da reação do Estado aos atentados. 

“A investigação criminal tem sido feita com muita qualidade e alcançado inclusive os cabeças desses grupos. Na hora que o cara da base vê que o ‘cabeça’ está sendo preso e isolado, que não tem notícias ou contato, ele começa a perceber que, se o grupo criminoso não conseguiu proteger nem quem está lá em cima, como é que vai proteger quem está lá embaixo?”, conclui.

Entre os dias 20 e 30 de setembro, foram registrados 115 ataques, atribuídos à facção Guardiões do Estado (GDE), em 28 cidades do Ceará. Como resposta, mais de 500 detentos foram transferidos no Sistema Penitenciário Estadual. A Justiça ainda autorizou a transferência de 12 presos considerados chefes da GDE e mandantes dos ataques para presídios federais.

Impunidade

Ontem, em reunião do Comitê de Governança do Pacto por um Ceará Pacífico, no Palácio da Abolição, na Capital, o governador Camilo Santana voltou a destacar a atuação do Programa Tempo de Justiça, do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), que busca agilizar os julgamentos dos processos criminais. 

“A meta é que todo crime de homicídio, no Ceará, seja julgado em até um ano”, destaca, lembrando que a média nacional é de oito anos. “O Tribunal tem conseguido alcançar resultados importantes, até para acabar com a sensação de impunidade e mostrar à sociedade que há agilidade e uma ação forte e firme. Isso é uma integração de todas as instituições”, afirma Camilo.

Por sua vez, o presidente do TJCE, desembargador Washington Araújo, ressalta que o Tribunal do Júri da Comarca de Fortaleza já conseguiu julgar processos em menos de um ano. “O caso da Dandara (dos Santos) foi um deles. A meta era de 399 dias, mas chegamos a 395 dias na Comarca”, comemora. Segundo o magistrado, o Tempo de Justiça já começou a ser implantado em Sobral e, em breve, chegará aos municípios de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte.

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