Pistoleiro vai a julgamento por homicídio ocorrido há 16 anos

O crime foi motivado por briga política em Tabuleiro do Norte, segundo o Ministério Público. Outros dois réus, um ex-secretário municipal e outro pistoleiro foram mortos durante os anos de espera pelo julgamento

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br
Legenda: Cássio Santana é tido pela Polícia como um dos maiores pistoleiros da Região do Vale do Jaguaribe
Foto: FOTO: CID BARBOSA

Um homem tido como pistoleiro e acusado por vários homicídios irá a julgamento por um de seus crimes. Cássio Santana de Sousa sentará no banco dos réus da 4ª Vara do Júri de Fortaleza, no próximo dia 25 de setembro, pelo assassinato do vigilante Ozias dos Reis Marinho, ocorrido no município de Tabuleiro do Norte, no dia 8 de abril de 2003.

Cássio é o único dos cinco acusados, inicialmente, pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) que continua a responder pelo homicídio. O ex-prefeito de Tabuleiro do Norte, Maiard de Andrade, e a esposa dele, Maria do Socorro Guerreiro Freire, foram impronunciados pela Justiça (isto é, isentos de ir a julgamento); enquanto o ex-secretário municipal, Sílvio Roberto Guerreiro Freire, e outro suposto pistoleiro, José Roberto dos Santos Nogueira, o 'Chico Orelha', foram mortos.

Conforme as alegações finais do MPCE, os dois pistoleiros chegaram a uma churrascaria, dirigiram-se até a mesa onde Ozias estava com a esposa e anunciaram um assalto. Em seguida, os criminosos deitaram a vítima, efetuaram vários disparos na cabeça da mesma e fugiram sem roubar nenhum pertence.

As investigações apontaram que a dupla foi contratada por Sílvio Guerreiro para cometer o crime. O ex-secretário municipal, que também chefiava a campanha eleitoral do cunhado, Maiard, teria se revoltado com o fato de Ozias trocar de partido político e ainda chamar o então prefeito de "traidor". Além disso, a vítima teria conhecimento de crimes eleitorais cometidos por Sílvio e poderia utilizar contra ele.

O Ministério Público também concluiu que Maiard e Maria do Socorro tinham conhecimento das ameaças que Sílvio Guerreiro proferiu contra o vigilante, tendo presenciado ao menos um dos casos, em uma reunião política na residência do casal. Entretanto, não havia indícios suficientes da participação dos dois acusados no crime.

O processo tramitava na Vara Única da Comarca de Tabuleiro do Norte, mas foi desaforado (transferido) à 4ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza, em 2016, após pedido do Ministério Público do Estado, por questões de segurança. O julgamento já esteve marcado para maio de 2017, mas foi adiado por mais de dois anos. 

Ficha criminal

Cássio Santana é tido pela Polícia como um dos pistoleiros mais perigosos do Vale do Jaguaribe e responde, na Justiça Estadual, por três processos por homicídios, um por roubo e outro por extorsão mediante sequestro. Devido à periculosidade, ele chegou a ficar preso na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, mas hoje se encontra em um presídio no Município de Itaitinga.

Outros dois crimes de grande repercussão, ocorridos também em 2003, são atribuídos a Cássio (junto do comparsa 'Chico Orelha'): a "Chacina dos Sete", na qual sete pessoas foram brutalmente assassinadas no dia 18 de setembro, em Limoeiro do Norte; e a execução do radialista Nicanor Linhares, no dia 30 de junho.

Pelo primeiro caso, o preso foi condenado a 144 anos de prisão (e o irmão dele, Cassiano Santana de Sousa, a 25 anos de reclusão); e pelo segundo crime, Cássio foi sentenciado a 23 anos de prisão.

A defesa de Cássio Santana de Sousa afirmou que "a veiculação de matérias relacionadas a sua submissão a novo júri, detalhando todo o seu histórico policial e condenação passada é prejudicial à sua defesa". A advogada Paloma Gurgel disse ainda que "o fato de responder ou ser julgado por outro (s) processo (s) não significa que seja automaticamente culpado por outra/nova suspeita". 
 

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