Vídeos comprovam participação de acusados de torturar e matar três mulheres, diz promotora

Para a acusação, uma interceptação telefônica com o mandante dos crime no Bairro Vila Velha também não deixa dúvidas sobre a autoria do crime

Escrito por Redação ,

Cinco acusados de participarem dos assassinatos de três mulheres em área de mangue do bairro Vila Velha, há um ano, são julgados nesta quarta-feira (27), no Fórum Clóvis Bevilaqua, em Fortaleza. Segundo a promotora responsável pela acusação, Joseana França, os vídeos das mortes, divulgados em redes sociais, e uma interceptação telefônica com o mandante dos crimes não deixam dúvidas quanto ao envolvimento dos denunciados.

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Júlio César Clemente da Silva, o “Bifão”, e Rogério Araújo de Freitas, o “Chocolate”, confessaram a participação nos crimes e falaram do apoio dos demais homens. Há ainda o relato de uma ligação feita de Francisco Robson de Souza Gomes, o “Mitol”, ordenando as execuções a Jeilson Lopes Pires, o “Jê”.

“O Mitol era o cabeça que tava dentro do presídio e entrava em contato com o Jeilson. Esse filmava e determinava o que cada um ia fazer”, narra a promotora. “Mitol” foi uma das lideranças de facções criminosas transferidas do Ceará para presídios federais. Hoje, ele está numa penitenciária em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e será julgado por videoconferência. No entanto, segundo França, há outros envolvidos na ação que ainda não foram denunciados.

Crueldade 

“Eu tô há 13 anos no júri e nunca vi um negócio desses. Duas delas foram mortas por decapitação, o laudo cadavérico fala. A Nara Aline levou pisa de pá; cortaram os dedos, o braço e a perna dela. O que aquela moça passou não existe”, analisa. O agravante é que o facão utilizado na execução, comumente usado como instrumento corto-cortante, estava cego, ou seja, se tornou corto-contundente. “Eles usaram como se fosse um machado”, sintetiza a promotora.

Os réus serão julgados por três homicídios triplamente qualificados (por motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima); destruição e ocultação de cadáver; participação em organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo e tortura.

O crime ocorreu no dia 2 de março de 2018, por volta das 13h40. Conforme a denúncia do Ministério Público, as vítimas estavam numa residência, na Barra do Ceará, quando foram levadas pelos acusados Bruno, Jeilson, Júlio César e Rogério, seguindo ordens de Francisco Robson. No local, Darcyelle Ancelmo de Alencar, Ingrid Teixeira Ferreira e Nara Aline Mota de Lima foram torturadas e assassinadas

A ação criminosa foi filmada, e o vídeo compartilhado em redes sociais. A motivação do crime seria o fato de Nara Aline ser ligada a um grupo rival ao dos acusados. Darcyelle era companheira de Nara. Já Ingrid “morreu de graça”, segundo a promotora, apenas porque estava na residência das duas mulheres no momento em que os executores chegaram.

Após as mortes, os homens ocultaram os cadáveres numa ilhota dentro do Rio Ceará, a cerca de um quilômetro das margens. Como a maré subiu, as equipes de resgate só conseguiram acessar o local a barco, quatro dias após os crimes.

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