Usuários do transporte público sofrem com mudanças na frota

Em todos os terminais de ônibus visitados pela reportagem, foi observada a presença de policiais militares. Nos arredores dos equipamentos cresceu a procura da população por transportes alternativos

Escrito por Emanoela Campelo e Felipe Mesquita , seguranca@verdesmares.com.br

Sem parecer ter fim, as ofensivas realizadas por criminosos há mais de 24 horas na Grande Fortaleza também afetaram diretamente o transporte público. Quem tentou se locomover pela Capital, ontem, em coletivos urbanos, percebeu que chegar ao trabalho ou voltar para casa seria tarefa difícil. Devido aos incêndios contra ônibus e vans, a frota foi reduzida. Como consequência, paradas lotadas, terminais esvaziados, e tarifas altas para quem procurou por transporte particular por meio dos aplicativos.

A informação é que durante a tarde, pelo menos, 18 linhas foram completamente retiradas de circulação de diversas regiões. Outras incontáveis só deviam circular pela Cidade se acompanhadas de escolta policial. Os coletivos que saíam pelo Terminal do Siqueira só poderiam trafegar se saíssem junto a composições formadas por militares.

Por volta das 16h, no Terminal do Papicu, agentes do Batalhão de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio) auxiliavam na escolta dos veículos que precisavam transitar. Segundo um dos policiais, a ordem para a permanência dentro e nos arredores do equipamento partiu da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops).

Há mais de uma hora esperando por um ônibus no Papicu, o frentista Marcos Antônio Batista afirmou que a demora estava maior do que a de costume. “Era para eu ter chegado em casa às 14h. Hoje está demorando muito. Só vejo ônibus sair daqui quando a escolta chega”, disse. No Terminal do Siqueira, a situação se repetia. A aposentada Fátima Rodrigues também reclamou da situação: “nenhum ônibus quer sair, mas quando colocam muita Polícia na rua, num instante eles rodam”.

Já no Terminal do Conjunto Ceará, um funcionário do prédio alertava para que os populares não entrassem no local, já que o pagamento da passagem seria em vão, por não ter ônibus circulando. “Queria pegar a linha 368, Conjunto Ceará/Bom Jardim. Da outra vez que teve esses ataques eu tive que ir para casa a pé. Não sei quanto tempo vai durar essa situação. Já me disseram que se eu entrar, não vai adiantar nada”, reclamou a estudante Renata Acácio.

No Terminal do Antônio Bezerra, três patrulhas da Polícia Militar e uma equipe da Guarda Municipal fizeram a segurança do equipamento. Enquanto ônibus paralisados formavam filas, o número de usuários à espera do transporte público crescia nas plataformas. A dona de casa Marta Rodrigues, de 41 anos, foi uma das prejudicadas com a falta do serviço. “Eu já estou aguardando há mais de uma hora. Normalmente, eu fico aqui no máximo dez minutos. Tinha um outro compromisso hoje e pelo visto, vou ter que cancelar”, revela.

Fora do terminal, a procura pelo transporte alternativo cresceu com a falta de ônibus. Desacreditado com a possível volta das linhas, o artista plástico Francisco Borges, de 44 anos, recorreu ao mototáxi para conseguir chegar em sua casa, no Passaré. “Eu pechinchei com todos eles. Vou ter que fazer esse gasto a mais para não passar horas e horas aqui. É uma falta de respeito com a população o Governo deixar o crime tomar de conta da cidade”, opinou.

Em nota, o Sindiônibus repudiou a prática criminosa e ressaltou ter precisado tomar medidas cabíveis. “Diante da ameaça à integridade física e à própria vida dos trabalhadores e dos usuários do transporte coletivo, estamos enviando esforços junto às autoridades de segurança do Estado para que possamos ter segurança no serviço de transporte de passageiros, através de uma operação de contingência com frota comboiada e escolta policial”, disse o órgão adiantando a possível permanência na alteração da frota.

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