Professor sobrevivente da Chacina do Benfica é 1º a falar em julgamento e pede Justiça

O crime ocorreu no dia 9 de março de 2018 e sete pessoas foram assassinadas; Victor diz não lembrar o que aconteceu no momento do massacre.

Escrito por Redação ,
Legenda: Na noite do crime, cenário era de guerra na Praça da Gentilândia
Foto: Foto: Kléber A. Gonçalves

O professor Paulo Victor Policarpo, um dos sobreviventes da Chacina do Benifca, prestou depoimento na manhã desta quarta-feira (6), no primeiro dia do julgamento de três acusados de uma sequência de sete assassinatos no Bairro Benfica, em Fortaleza. O julgamento ocorre um ano e oito meses depois de atiradores dispararem em três pontos do bairro na noite de 9 de março de 2018. Paulo Victor afirmou durante depoimento que não lembra do tiroteio. Ele disse que tudo o que sabe foi a partir de relatos de amigos que estavam no local. Ele ressaltou que perdeu a memória recente devido ao trauma.

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Paulo chegou a ficar em coma induzido e agora lida com as sequelas dos ferimentos. Victor diz que espera que a Justiça seja feita e destaca a responsabilidade do Estado no caso. "A expectativa é só que eles, enfim, a Justiça seja feita. Que eles paguem pelo crime que eles cometeram. Não foi qualquer coisa. Foi muito grave. Destaco também a responsabilidade do Estado. Havia uma série de mandados de prisão em aberto e porque esses mandados não foram cumpridos? É o questionamento que eu faço", afirmou.

"Você tem um mandado de prisão em aberto, então, é cumprido? Você tem dois mandados de prisão abertos. Se tem uma série de crimes que já haviam sido cometidos...Então, o que iam esperar? O terceiro crime, o quarto? Nove pessoas morrerem?", questionou.

 Ao todo, sete morreram e três foram baleados. 

Dois dias de julgamento

Nesta quarta-feira, Douglas Matias da Silva, Francisco Elisson Chaves de Souza e Stefferson Mateus Rodrigues Fernandes devem começar a ser julgados. Devido à complexidade do caso e à quantidade de réus e de vítimas, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) destinou dois dias para o julgamento, previsto para se encerrar nesta quinta-feira (7).

Quatro depoimentos ocorreram até 11h desta quarta, o professor e três testemunhas de defesa de um dos acusados.

Participam do julgamento a juíza Valência Maria Alves de Sousa Aquino, titular da 5ª Vara do Júri, o promotor Franke José Soares Rosa, a defensora pública Eduarda Paes e Souza e o defensor público Eduardo Bruno de Figueiredo Carneiro.

Acusações

Douglas Matias, Francisco Elisson e Stefferson Mateus são acusados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por homicídio, homicídio tentado e organização criminosa. Segundo a investigação, os três acusados pertencem à facção criminosa Guardiões do Estado (GDE). De início, a apuração apontava que a chacina teria ocorrido devido a uma rixa entre torcidas organizadas, mas, dias depois, a Polícia Civil divulgou que a motivação para o massacre foi a guerra entre facções rivais pelo território para o tráfico de drogas.

O processo sobre a Chacina do Benfica tramita em segredo de Justiça na 5ª Vara do Júri da Comarca de Fortaleza e faz parte do programa Tempo de Justiça - que visa acelerar ações penais de homicídios no Ceará. 

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