Policiais do CPRaio atiraram 'sem verbalizar', diz namorada de PM baleado

Soldado da Polícia Militar se envolveu em uma discussão com um motorista de aplicativo, durante o Carnaval, e terminou alvejado por colegas de farda

Escrito por Redação ,
Legenda: PM e motorista discutiam em posto de combustíveis, quando houve a intervenção policial
Foto: Foto: Ricardo Mota

A discussão que terminou com uma intervenção policial e um PM de folga baleado, em Paracuru, apresenta várias versões e nenhuma explicação oficial. A namorada do soldado Diego Mendes Barroso, testemunha do fato, afirmou, em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares (SVM), que os policiais do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) atiraram "sem verbalizar".

Diego se envolveu em uma discussão com o motorista de aplicativo Rômulo Marques dos Santos, durante uma festa de Carnaval na Praça do Farol, em Paracuru, no dia 4 de março deste ano. Na madrugada do dia seguinte (5), os dois homens se reencontraram em um posto de combustíveis e voltaram a se desentender.

"O Rômulo ficou xingando o Diego, que ficou se afastando. O pai do Rômulo gritou 'eu vou chamar a Polícia'. E o Diego falou: 'eu sou policial'. Então, o Diego colocou a mão na cintura. A arma estava dentro do coldre, dentro do short. O pai do Rômulo começou a gritar: 'Polícia, vai matar meu filho'", conta a namorada do soldado, que não quis se identificar.

Uma composição da Polícia Militar se encontrava nas proximidades do estabelecimento e prontamente chegou ao local. "Nisso, os policiais do Raio já atiraram, não verbalizaram de forma nenhuma. Deram quatro disparos. Dois pegaram do lado direito do Diego, um no braço direito e outro nas costas. Para mostrar que o Diego de nenhuma forma se virou para os policiais do Raio", detalha.

A mulher afirma que teve que interferir para evitar que o namorado fosse morto. "Ele caiu, foi quando eu interferi, fui pra cima dele e gritei que ele é policial. Um amigo dele tirou a carteira funcional dele e apresentou. E eles (policiais do CPRaio) ficaram desesperados, viram que tinham feito besteira, perguntaram por que ele não se apresentou. Mas como ele ia se apresentar, se não deu tempo?", questiona.

Uma ambulância passava pela região e atendeu a ocorrência. Diego foi levado ao Hospital Municipal de Paracuru e, depois, transferido para o Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza, através de uma aeronave da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer). De acordo com a namorada, o PM teve que passar por reanimação e cirurgias e, agora, se encontra em um quadro estável.

Policial que atirou apresentou outra versão

A versão da namorada do PM baleado distoa da versão da equipe do CPRaio que atendeu a ocorrência. Após o tiroteio e o socorro do homem ferido, os policiais se apresentaram à Delegacia Municipal de Paracuru, da Polícia Civil, e prestaram depoimento.

"Segundo o policial militar que efetuou os disparos, ele deu a voz de parada para que o Diego largasse a arma, mas ele não atendeu, razão pela qual ele foi obrigado a efetuar os disparos para tentar conter aquela atitude. Logo após ele ter caído, foi que se identificou como policial militar", informou o delegado plantonista Francisco Braúna.

O caso é investigado pela Polícia Civil na esfera criminal. Em nota emitida na última terça-feira (12), a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou que também determinou a instauração de investigação preliminar para apuração na seara administrativa.

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