Novas vítimas de 'golpe da cirurgia plástica' prestam queixa

Polícia estima que mais de 50 pessoas foram enganadas no esquema

Escrito por André Costa ,

Um dia após a polícia prender, por estelionato, Maria Joselene Sales Boris Vasconcelos, suspeita de aplicar golpes a mulheres interessadas em realizar cirurgias plásticas, novas vítimas prestaram queixa, na tarde desta quinta-feira (23), no 1º Departamento de Polícia, em Fortaleza. Conforme o delegado responsável pelo caso, Renê Andrade, estima-se que mais de 50 pessoas tenham sido vítimas do golpe. “Após a veiculação da notícia, com a foto e o nome da suspeita, várias mulheres a reconheceram e vieram até a Delegacia prestar queixa. São muitos depoimentos, estamos ouvindo cada uma delas, mas já sabemos que o modus operandi foi semelhante em quase todos os casos”, detalha Renê Andrade.

A suspeita, presa em flagrante dentro de casa, no bairro Álvaro Weyne, abordava as mulheres dentro Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, afirmando que os procedimentos seriam realizados na Santa Casa, já que o local também possui atendimento privado, e por um valor bem inferior ao cobrado pelo mercado. “Eu perdi três mil reais”, pontua uma das vítimas que pediu para não ter sua identidade revelada. Ela conta que Joselene teria prometido realizar a mamoplastia redutora - cirurgia de diminuição das mamas - por um valor até 150% mais em barato. "A gente acaba acreditando. Além dela falar muito bem, ela se apresentava como enfermeira, e usava o nome do HGF".

Outra vítima, que também não quis se identificar, pagou R$ 2.500 por um implante de prótese de silicone que nunca foi realizado. “Paguei esse valor e iria pagar mais R$ 500 no dia da cirurgia”, acrescenta. De acordo com o delegado, as vítimas receiam em se identificar devido às ameaças de morte que muitas delas sofreram. “Temos áudios e mensagens de textos enviadas pela Joselene ameaçando quem denunciasse o crime”, disse. Segundo as vítimas, elas só souberam que se tratava de um golpe após a veiculação da matéria sobre a prisão da suspeita.

“Nenhuma de nós sabíamos. Quando lemos a matéria ontem, tivemos um susto. Foi um baque. Além de não realizarmos nossos sonhos, ainda amargamos um prejuízo muito grande”, conta outra vítima, também ameaça por Joselene. Com os depoimentos colhidos nesta quinta-feira, a Polícia Civil conseguiu identificar outras quatro mulheres que “agiam em conjunto com Joselene”. Segundo o Delegado, o quinteto atuava junto, com o mesmo tipo de abordagem. Charlândia Cabral Barbosa, a Landinha; Andreia Bernardo; Luziane Serafim Rocha, conhecida como Lu; e Andrielly Valentim estão sendo procuradas. Elas podem ser indiciadas por associação criminosa, estelionato, extorsão e ameaça.

O inquérito deve ficar pronto em até dez dias. “Até lá, certamente mais vítimas irão aparecer”, projeta Renê Andrade. Só ao fim do inquérito, acrescenta o delega, poderá se ter conhecimento do montante que o grupo conseguiu apurar com os golpes.  

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