Laudo pericial reforça versão de médico: tiro que matou Jamile 'se deu de cima para baixo'

O documento elaborado pela Pefoce aponta que a mulher morreu por uma hemorragia e também apresentava uma lesão no olho

Escrito por Messias Borges/ Halisson Ferreira/ Emerson Rodrigues ,
Legenda: Caso antes considerado como suicídio começou a ser investigado como feminicídio, tendo o namorado da vítima como principal suspeito
Foto: Foto: Reprodução

O laudo cadavérico elaborado pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce) corrobora com a versão apresentada pelo médico cirurgião Jamil Zarur, em depoimento ao 2º DP (Aldeota), da Polícia Civil, na última terça-feira (17): o tiro que matou a empresária Jamile de Oliveira Correia "se deu de cima para baixo". O documento foi obtido com exclusividade pelo Sistema Verdes Mares (SVM), nesta quarta (18).

O perito detalha que foi "colhido e enviado para setor de balística um (01) projetil de arma de fogo encontrado na região do hipocôndrio direito, denotando que o trajeto deste se deu de cima para baixo, ântero-posteriormente e da esquerda para direita". O laudo foi solicitado pelo 34º DP (Centro), que iniciou a investigação do caso, e concluído no dia 3 de setembro deste ano.

Ainda de acordo com o documento, Jamile morreu por uma "hemorragia intra-abdominal por lesão hepática por projétil de arma de fogo". O perito também identificou uma "equimose periorbitária (lesão) do olho esquerdo".

A tentativa dos médicos do Instituto Doutor José Frota (IJF) de salvar a mulher acabou por prejudicar um detalhe da perícia, "não sendo possível determinar a distância do tiro pois o orifício foi modificado cirurgicamente".

O médico Jamil Zarur levantou a hipótese do tiro ter sido disparado por outra pessoa, porque a bala estava posicionada como se tivesse vindo de cima para baixo. "Achei estranha a trajetória do projétil. Mas ela (vítima) estava muito calma e geralmente quem tenta suicídio se comporta dessa forma, fica mais calada. Ela estava consciente, mas não falou nada", pondera.

Jamile foi baleada no peito, na sua residência, na noite de 29 de agosto deste ano, e chegou ao IJF como se tivesse tentado suicídio. Na manhã do dia 31, ela morreu. Entretanto, investigação da Polícia Civil aponta para uma reviravolta do caso: feminicídio cometido pelo companheiro da vítima, o advogado Aldemir Pessoa Júnior.

Enfermeira conta que mulher disse que atirou contra si

Uma enfermeira que atendeu Jamile, no IJF, prestou depoimento ao 2º DP, na manhã desta quarta-feira (18), e afirmou que a mulher disse, na Sala de Reanimação, que atirou contra si. "Ela chegou por volta de meia-noite, acordada, falando. Eu perguntei pelo nome dela e ela falou que era Jamile. Quando eu vi a lesão, perguntei se tinha sido um assalto, ela disse que não, que tinha sido ela. Foi só o que ela falou", revelou a profissional, que preferiu não se identificar.

A testemunha também afirmou que o namorado de Jamile, Aldemir Júnior, e o filho dela, de apenas 14 anos, estavam no hospital, mas não puderam entrar na Sala de Reanimação. "Ela continuou acordada, a gente continuou fazendo o atendimento, e ela continuou consciente do que estava acontecendo. O estado dela era gravíssimo. Depois ela foi para o centro cirúrgico", completa.

O médico plantonista do IJF, Janio Cordeiro Barroso, primeiro a atender Janine, já tinha revelado que a mulher também afirmou que atirou contra si. "O depoente botou a mão na cabeça dela e perguntou: 'O que houve?'; ela respondeu: 'Isso foi um tiro que eu mesma dei em mim'", consta no termo de depoimento prestado pelo médico, que o Sistema Verdes Mares teve acesso.

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