"Ela veio, mas veio morta”, diz amiga de transexual morta em São Paulo

Katarina morava há três anos em São Paulo em busca de melhorias financeiras para a família. Familiares e amigos prestam homenagem à transexual morta a facadas em São Paulo

Escrito por Redação ,
Legenda: Parentes e amigos de Katarina Silva homenageiam a vítima no enterro que aconteceu hoje.
Foto: Ana Beatriz/Sistema Verdes Mares (SVM)

Aconteceu neste sábado (15) o enterro de Katarina Silva, transexual morta a facadas em São Paulo na última quarta-feira (12). A cerimônia foi iniciada às 15 horas, em um cemitério situado no bairro Bom Jardim, em Fortaleza. O corpo da jovem chegou na capital cearense três dias depois do crime. Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, o suspeito do assassinato foi preso na madrugada de hoje. 

De acordo com a auxiliar de serviços Rafaela Silva, amiga da vítima, Katarina estava com viagem marcada para reencontrar familiares e amigos em Fortaleza para este sábado. “É uma dor terrível. Não tem explicação, não tem. O único sonho dela era poder ajudar a família dela. Esse monstro destruiu o sonho dela. Eu só peço justiça para que esse caso não fique impune. Ela não fazia mal para ninguém. A gente pediu para ela não ir, porque lá acontecem essas coisas, a gente temia por ela, mas ela não ouvia. Ela tinha uma viagem marcada para hoje para vir para cá. Ela veio, mas veio morta”, disse emocionada.

Ela não fazia mal para ninguém. A gente pediu para ela não ir, porque lá acontecem essas coisas, a gente temia por ela, mas ela não ouvia. Ela tinha uma viagem marcada para hoje para vir para cá. Ela veio, mas veio morta

A irmã Antônia Cristina, que esteve no enterro, soube do assassinato por meio de uma ligação. Uma colega da transexual informou sobre a morte. Apesar de inconformada com o caso, a manicure se sente grata pela prisão do suspeito, mas pede justiça. “Tudo isso é muito triste. Ela não merecia. O sonho dela era  dar uma vida melhor para minha mãe. Mas Deus é fiel, é bom, e o monstro já está preso. Queremos justiça, estamos aqui para fazer justiça para que ele continue preso”, falou a irmã. 

O cunhado da vítima, Lucas Magalhães disse que Katarina, antes de morrer, conseguiu ainda realizar parte do sonho de ajudar a família, ao reformar a casa da mãe. O supervisor de vendas afirmou também ser inconcebível que casos como este continuem acontecendo. Ele chegou a citar a travesti Monike Matias Chagas, de 25 anos, encontrada morta no município de Missão Velha, no Sul do Ceará, na manhã de ontem.

“Ela tinha maldade com nada. Foi para São Paulo para realizar os sonhos dela, para dar uma vida melhor pra mãe dela. Inclusive, ela conseguiu parte desse sonho, que foi reformar parte da casa casa da mãe dela. Foi muito doloroso. Todo mundo que conhece a Katarina sabe que ela é uma pessoa dócil, uma pessoa amável, tanto aqui como lá.A família está muito abalada e a gente só pede justiça. Que a pessoa que fez isso passe o resto da vida na cadeia. Queremos um basta, que não seja só mais um caso. Ontem mesmo aconteceu outro, que é a Monike, e nós queremos que isso não aconteça mais, que não seja só mais um número”, disse o servidor. 

Prisão temporária 

O suspeito de matar Katarina Silva, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, foi preso por policiais do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), na madrugada deste sábado (15). Ele cumpre uma “prisão temporária de 30 dias, decretada pela Justiça.”

Este sábado marca também os três anos da morte de Dandara do Santos. No dia 15 de fevereiro de 2017, a travesti de 42 anos foi assassinada a tiros no bairro Bom Jardim, em Fortaleza,  após ser agredida por um grupo de homens. 
 

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