Colega de atendente morta por ex foi à polícia momentos antes do crime, mas PM não chegou a tempo

Parente da vítima afirmou à reportagem do Diário do Nordeste que a polícia da unidade em frente ao estabelecimento foi acionada, porém, o único policial que estava no local alegou não poder deixar o posto

Escrito por Cinthia Freitas ,

Legenda: Emanuelly estava separada há cerca de três meses
Foto: VC Repórter

Momentos antes de ser morta a tiros pelo ex-marido no trabalho na manhã deste sábado, 30, Emanuelly Vasconcelos Sampaio, 31 anos, foi avisada pela cunhada por telefone que Isac Ângelo dos Santos Filho estava indo ao local para matá-la. Ao receber a ligação com o prenúncio da tragédia, ela pediu ajuda de uma colega de curso profissionalizante onde estava, no Bairro Henrique Jorge. A colega chamou a polícia, no entanto ela não conseguiu ajuda, segundo um parente da vítima. 

O primo da vítima, Wesley Vasconcelos, afirmou à reportagem do Diário do Nordeste que a polícia da unidade em frente ao estabelecimento foi acionada, porém, o único policial que estava no local alegou não poder deixar o posto justamente por estar sozinho naquele momento, segundo relato do primo. Esta versão também foi confirmada por outra pessoa que esteve na cena do crime.

Em nota, a Polícia Militar do Ceará (PMCE) afirmou que atendeu a noticiante que foi à base da Polícia solicitar ajuda, entretanto, enquanto averiguava as informações, o homem aproveitou-se da aglomeração de pessoas em frente ao local de ensino, entrou no estabelecimento e cometeu o crime.

A PMCE ressalta que a ocorrência foi atendida e o autor do feminicídio capturado em seguida.

A delegada Rosane Brasil, responsável pelo inquérito, informou que não havia efetivo suficiente, mas disse que o PM acionado não foi omisso, pois pediu reforço, que chegou em cinco minutos. 

Santos Filho e Emanuelly foram casados por 17 anos e estavam separados há três meses. São pais de um menino de 10 anos.

Ex trancou porta

O suspeito estacionou em frente ao curso profissionalizante, entrou, trancou a porta e foi ao encontro da vítima, disparando pelo menos cinco vezes. Quatro tiros atingiram Emanuelly.

O perito criminal que esteve na cena do crime disse que a vítima ainda tentou fugir correndo, mas entrou em uma sala sem saída. Alunos quebraram a porta principal na correria para fugir quando ouviram tiros.

Pela proximidade com o prédio do curso, a polícia chegou momentos após o crime, pois ouviu os disparos, segundo o tenente Vladimir, que esteve no local. 

O suspeito foi preso em flagrante e levado à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). A arma do crime, um revólver calibre 38, foi apreendida. Santos havia sido preso por porte ilegal de arma em 2017 e estava em liberdade provisória.

'Sei todos os teus passos' 

O primo da vítima contou também que Emanuelly tinha medo de que o agressor a atacasse na saída do trabalho, por isso, ele chegou a levar lanche nesta sexta-feira (29) a pedido da prima e também a apanhou no fim do expediente algumas vezes. A prima mostrou mensagens ameaçadoras de Isac para o parente.

Ele dizia [em mensagens no celular] 'eu sei que hora tu chega, eu sei com quem tu chega, eu sei se tu vai pra casa com teu pai, se tu vai de Uber, de ônibus, sei todos os teus passos 

Isac já havia agredido Emanuelly fisicamente outras vezes. Ela não registrou denúncias porque o homem a ameaçava de morte, além dos pais e da irmã dela, contou o primo. 

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