Advogada presa pediu para ser agredida, diz detenta à Polícia Civil

Segundo a presidiária, Elisângela Mororó tinha o objetivo de conseguir prisão domiciliar e prometeu uma recompensa à colega de cárcere. A OAB-CE ingressou com pedido de prisão domiciliar para a advogada nesta quarta-feira (15)

Escrito por Messias Borges ,
Legenda: Advogada foi presa por suspeita de integrar uma organização criminosa, no dia 13 de novembro de 2019
Foto: Foto: Reprodução

A detenta (identidade preservada) suspeita de agredir a advogada Elisângela Maria Mororó, no Instituto Penal Feminino (IPF) Auri Moura Costa, afirmou à Delegacia Metropolitana de Aquiraz, da Polícia Civil, que a mulher pediu para ser agredida, com o objetivo de conseguir prisão domiciliar, e prometeu uma recompensa à colega de cárcere.

O Sistema Verdes Mares obteve o Boletim de Ocorrência (B.O.) prestado pela presa, no dia 6 de janeiro último. Ela reconheceu que mentiu no depoimento prestado no dia 2 anterior, quando confirmou que agrediu a advogada naquele dia motivada pelo fato de que "não gostou dessa mulher porque viu um bicho ruim nela".

Segundo a detenta, Elisângela Mororó pediu para que ela simulasse a agressão com a promessa de que conseguiria um advogado para ingressar com o pedido de transferência da "agressora" para um hospital mental, já que esta teria surtos com frequência e sofreria de epilepsia.

A presa completou "que confessa o falso testemunho prestado e que somente aceitou fingir que estava agredindo a detenta supracitada, porque esta lhe pediu para que batesse na cara dela e na barriga com o fito de conseguir prisão domiciliar e que a declarante então conseguiria a comunicação com sua genitora e por consequência iria para o hospital mental".

Elisângela Mororó foi presa por suspeita de integrar a organização criminosa Guardiões no Estado (GDE), no dia 13 de novembro de 2019, no Município de Catarina. Na residência onde ela estava, foram apreendidos uma pistola e cerca de 500 gramas de cocaína. 

Depois, a advogada foi alvo de um mandado de prisão da Operação Reino de Aragão, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo no Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), dia 18 de dezembro do ano passado, por suspeita de planejar ações criminosas com líderes da facção presos, inclusive a fuga de um presídio. A defesa da advogada não atendeu aos telefonemas da reportagem.

OAB-CE requer que advogada vá para prisão domiciliar

A Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE) ingressou no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), nesta quarta-feira (15), com um pedido de que a advogada Elisângela Mororó seja colocada em prisão domiciliar. 

O pedido foi assinado pelo próprio presidente da OAB-CE, José Erinaldo Dantas Filho; pelo diretor de Prerrogativas da Ordem, Márcio Vitor Meyer de Albuquerque; e pelos advogados do Centro de Apoio e Defesa do Advogado, Francisco Cezar Azevêdo Lima e Paulo Oliveira.

"Pela nossa lei, se tiver um advogado preso, ele fica na sala do Estado Maior. E como não existe sala de Estado Maior no presídio feminino aqui do Ceará, a gente requer que ela vá para prisão domiciliar. A gente não pode permitir que uma franqueada da OAB continue no mesmo local que presos comuns", justificou o presidente da Ordem no Estado, advogado Erinaldo Dantas.

Questionado sobre a declaração de uma presa de que a agressão à advogada foi planejada pela suposta vítima, Erinaldo disse que desconhecia a informação. "Acho pouco provável. Porque se fosse para conbinar uma agressao, ela teria combinado uma agressão de menor potencial", pondera.

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