Acusado de participar da Chacina do Benfica não estava em Fortaleza no dia dos assassinatos

Segundo o promotor de Justiça, Francisco Elisson não está entre os autores do crime, mas será julgado por integrar organização criminosa

Escrito por Redação ,
Legenda: Chacina do Benfica deixou sete pessoas mortas
Foto: Kléber A. Gonçalves

Francisco Elisson Chaves de Souza, um dos acusados de participar da Chacina do Benfica, não estava em Fortaleza no dia dos assassinatos, afirmou o promotor de Justiça Franke José Soares Rosa durante julgamento dos réus no Fórum Clóvis Beviláqua na tarde desta quarta-feira (6). Stefferson Mateus Rodrigues Fernandes, também julgado nesta tarde, confessou o crime e pediu desculpas aos familiares das vítimas. Foram realizados cinco depoimentos até o meio-dia desta quarta.

“As famílias que estão sofrendo, isso é irrecuperável. É uma dor que não para. Felizmente vamos poder fazer Justiça com provas concretas e também vamos fazer Justiça com a absolvição do Elisson, porque julgamos com base em provas concretas”, comentou o promotor Rosa.

Testemunhas convocadas pela defesa de Elisson já tinham afirmado, durante os depoimentos da manhã, que o acusado estava em Paracuru, cidade do Litoral Oeste do Ceará, no dia da chacina.

O acusado ainda será julgado por integrar organização criminosa. Segundo o promotor, o réu teria cogitado e se preparado para matar um membro do Comando Vermelho, conhecido como "Geo", mas no dia da chacina não estava na cidade. “Reconheçam a negativa de autoria do acusado Francisco Elisson”, completou Rosa.

'Queria pedir desculpas'

Stefferson Fernandes confessou participação no crime e lamentou a quantidade de pessoas mortas. "Eu não queria que acontecesse essa matança toda", disse. 

O acusado explicou para o juri que o alvo era "Geo". Ele reforçou que já que não acharam mataram o primo dele, conhecido como Júnior, que trabalharia para "Geo" no tráfico de drogas. Júnior estava na Praça da Gentilandia.

Ainda durante o depoimento, ao pedir desculpas, Stefferson afirmou que as vítimas não eram alvos dele.  "Queria só pedir desculpas pelo que eu fiz, aos outros que foram vítimas dessa barbaridade".

Professor pede Justiça

O professor Paulo Victor Policarpo foi o primeiro a prestar depoimento. Paulo Victor afirmou que não lembra do tiroteio. Ele disse que tudo o que sabe foi a partir de relatos de amigos que estavam no local. Ele ressaltou que perdeu a memória recente devido ao trauma. Além dele e do primeiro acusado, foram ouvidas três testemunhas até o fim da manhã.

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Paulo chegou a ficar em coma induzido e agora lida com as sequelas dos ferimentos. Victor diz que espera que a Justiça seja feita e destaca a responsabilidade do Estado no caso. "A expectativa é só que eles, enfim, a Justiça seja feita. Que eles paguem pelo crime que eles cometeram. Não foi qualquer coisa. Foi muito grave. Destaco também a responsabilidade do Estado. Havia uma série de mandados de prisão em aberto e porque esses mandados não foram cumpridos? É o questionamento que eu faço", afirmou.

"Você tem um mandado de prisão em aberto, então, é cumprido? Você tem dois mandados de prisão abertos. Se tem uma série de crimes que já haviam sido cometidos...Então, o que iam esperar? O terceiro crime, o quarto? Nove pessoas morrerem?", questionou.

 Ao todo, sete morreram e três foram baleados. 

Dois dias de julgamento

Nesta quarta-feira, são julgados Douglas Matias da Silva, Francisco Elisson Chaves de Souza e Stefferson Mateus Rodrigues Fernandes. Por causa da complexidade do caso e à quantidade de réus e de vítimas, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) destinou dois dias para o julgamento, previsto para se encerrar nesta quinta-feira (7).

Participam do julgamento a juíza Valência Maria Alves de Sousa Aquino, titular da 5ª Vara do Júri, o promotor Franke José Soares Rosa, a defensora pública Eduarda Paes e Souza e o defensor público Eduardo Bruno de Figueiredo Carneiro.

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