13 mulheres prestam depoimento contra médico por crime sexuais após divulgação de vídeos

De acordo com a SSPDS, os depoimentos foram tomados nas unidades policiais dos municípios de Cruz e Uruburetama. José Hilson de Paiva segue preso

Escrito por Emanoela Campelo de Melo e Kilvia Muniz , segurança@diariodonordeste.com.br
Legenda: José Hilson Paiva se apresentou à polícia na sexta-feira passada em Fortaleza
Foto: Foto: Reprodução

Já são 13  mulheres que afirmam terem sido vítimas de abusos sexuais cometidos pelo médico José Hilson de Paiva, de 70 anos. Segundo informado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), desde a primeira vez que o caso foi veiculado pelo Sistema Verdes Mares, na dia 14 de julho de 2019, 13 mulheres compareceram às delegacias dos municípios de Cruz e Uruburetama, no interior do Ceará.

Depois da exibição da matéria mostrando vídeos gravados pelo próprio suspeito, com cenas registrando crimes sexuais ocorridos durante consulta médica, sete mulheres tiveram coragem de denunciar na delegacia de Cruz e outras seis na delegacia de Uruburetama. O médico, também atual prefeito afastado de Uruburetama, atendeu durante anos nestas duas cidades e teria vitimado dezenas de pacientes sob pretexto que os abusos se tratavam de procedimentos ginecológicos 'de rotina'.

Das sete denúncias feitas em Cruz em menos de duas semanas, quatro aconteceram após a última sexta-feira (19), data que José Hilson de Paiva foi preso. A reportagem conseguiu contato com uma das mulheres que denunciou recentemente. Segundo ela, após repercussão do caso na mídia e prisão do médico, ela foi encorajada por amigos a procurar as autoridades.

"Saí cedo da manhã e cheguei quase 13h em casa. Aí meu marido disse que já ia procurar a Polícia pra saber o que tinha acontecido. Aí eu disse: pois era lá mesmo que você ia me encontrar. E ele disse: "eu não acredito que você fez isso". Fiz. Chorei muito. A delegada disse que pode me colocar em um programa de vítimas para tratamento psicológico. Ela perguntou se eu conhecia outras vítimas e eu disse que conheço sim. Sei que essa força para denunciar veio de Deus e tive incentivo de muitas pessoas. Eu estou muito abalada, mas sei que vou dar a volta por cima. Deus me dá força", contou uma das vítimas, que terá sua identidade preservada.

Em Cruz não havia nenhuma denúncia por crime sexual registrada contra José Hilson de Paiva. Já em Uruburetama, a reportagem apurou que existia um inquérito. No último sábado (20), na saída do Fórum da Comarca de Itarema, após ser ouvido em audiência de custódia, o prefeito declarou que não sabe explicar o motivo pelo qual gravava os vídeos com as pacientes. José Hilson afirmou que as relações, na maior parte eram consentidas e pediu "desculpas ao Brasil e ao mundo".

Por nota, a SSPDS informou que a Polícia Civil continua com o trabalho de apuração, análise do material apreendido em endereços do investigado e coleta de depoimentos de outras possíveis vítimas. Imagens dos atendimentos feitos pelo médico e que flagraram cenas das pacientes durante as consultas foram disponibilizadas para autoridades das delegacias de Cruz e de Uruburetama, para auxiliarem nas apurações acerca dos casos.

Defesa

A defesa de Paiva busca saber quem foi o responsável por vazar os vídeos com registros que mostram Paiva abusando sexualmente de pacientes. O advogado Leandro Vasques pediu nesta quarta-feira (24) que a Polícia Civil instaure inquérito para elucidar a origem do material e pediu que fossem adotadas as medidas investigativas relevantes para ao fim do caso indiciar os responsáveis por eventuais crimes em detrimento do médico.

Conforme Leandro Vasques, o HD com as imagens desapareceu da casa de José Hilson há, pelo menos, um ano. Se encontrado culpado pelo vazamento dos vídeos, a pessoa pode responder criminalmente com base na 'Lei Carolina Dieckmann", publicada no Diário Oficial da União em dezembro de 2012 dispondo acerca da tipificação criminal de delitos informáticos. Em trecho da lei há que “invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita”.

A defesa também entrou com pedido de habeas corpus pedindo pela revogação da prisão preventiva do prefeito. Dentre as alegações para revogar a prisão, Vasques destacou que "os fatos em questão datam de muitos anos atrás, o que elimina o requisito da contemporaneidade exigido pelos tribunais para a decretação da segregação cautelar". O advogado pontuou que Hilson "mantém a sua postura colaborativa" para prestar esclarecimentos às autoridades.  

Serviço:

A Polícia Civil ressalta a necessidade das vítimas do médico prestarem depoimento às unidades policiais para formalizarem o procedimento, no intuito de subsidiar as investigações já em curso. A Secretaria destaca que as identidades das vítimas serão preservadas.


Delegacia Municipal de Uruburetama
Endereço: Rua João Galdino Vasconcelos, 231, Centro – CEP: 62.650-000
Telefone: (85) 3353-3070
E-mail: dmuruburetama@policiacivil.ce.gov.br
Horário de funcionamento: das 8 às 18h

Delegacia Municipal de Cruz
Endereço: Rua Inês Silveira, 750 - Aningas - CEP: 62.595-000
Telefone:(88) 3660-1436
E-mail: dmcruz@policiacivil.ce.gov.br
Horário de funcionamento: das 8 às 18h

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