MPCE denuncia quadrilha do PCC que ia invadir território da GDE

As duas facções travaram um conflito por território para o tráfico de drogas, no Quintino Cunha, em Fortaleza. Membros do Primeiro Comando da Capital foram expulsos de uma região e planejavam vingança, quando foram presos

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br
Legenda: As facções PCC e GDE começaram a entrar em conflito em algumas regiões, neste ano
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

Apesar da redução de homicídios registrada neste ano, os conflitos entre as facções criminosas por território para o tráfico de drogas continuam a ocorrer no Estado. Cinco supostos membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) - presos quando estavam preparados para atacar um braço dos Guardiões do Estado (GDE), no bairro Quintino Cunha, em Fortaleza - foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, no último dia 10 de junho.

Segundo os autos da ação penal, obtidos pelo Sistema Verdes Mares, a quadrilha do PCC tinha sido expulsa da Favela do Sossego, no dia 15 de março deste ano, por criminosos ligados aos GDE, que dominavam a Favela da Muriçoca. Para se vingar, já no dia seguinte, o bando arquitetou um plano emergencial, reuniu-se em uma residência na Rua Dona Lúcia Pinheiro e armou-se para invadir a Muriçoca.

A Inteligência da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) levantou a informação que a quadrilha ia realizar a ação criminosa e acionou equipes do Comando Tático Motorizado (Cotam), do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), que se deslocaram para o local por volta das 18h do dia 16 de março.

Ataque

No imóvel, os PMs capturaram seis pessoas que teriam sido recrutadas pelo PCC para participar do ataque, sendo quatro adultos (Ana Jéssica Samuel Alves, de 26 anos; Tatiana dos Santos Silva, 38; Thalys Adler da Silva, 23; e Welison Douglas Sousa Gonçalves, 18) e dois adolescentes. Foram apreendidos um revólver calibre 38 com seis munições intactas e aparelhos celulares.

Os suspeitos presos revelaram que as outras armas de fogo que seriam utilizadas na invasão estavam em outra residência, na Rua Nelson Gonçalves, na Favela do Sossego. Os policiais foram até o segundo endereço, mas não encontraram o que esperavam. Ainda assim, Wesley Castro Maia, 24, foi preso no local, na posse de pequenas quantidades de drogas e de dinheiro.

Facções

Ao ser interrogada, Tatiana Silva confirmou que tinha sido batizada pelo Primeiro Comando da Capital há apenas cinco meses, que é mãe de Thalys e de um adolescente apreendido e que foi buscar duas armas no bairro Granja Portugal, sendo que deixou uma em cada residência vistoriada pela Polícia - uma espingarda calibre 12 não foi localizada. Ana Jéssica também é ligada à família, já que é companheira de Thalys.

Os cinco suspeitos tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva, pelo juiz, em audiência de custódia. Depois, o processo passou da 1ª Vara de Delitos de Tráfico de Drogas para a Vara de Delitos de Organizações Criminosas. A denúncia foi elaborada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do MPCE.

As facções PCC e GDE já selaram uma "parceria" no Ceará, mas começaram a entrar em conflito em algumas regiões, neste ano. Os Guardiões do Estado nasceram em Fortaleza, em 2015, a partir da dissidência de uma parte da facção paulista, que não queria mais pagar a 'cebola' (tarifa mensal para participar da organização criminosa). Apesar da divisão, o grupo criminoso mais novo ainda continuou a comprar drogas do Primeiro Comando da Capital e a revender em território cearense.

Habeas corpus

A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) recusou um habeas corpus impetrado pela defesa do acusado Welison Douglas, no último dia 11 de junho. "É suficientemente fundamentado o decreto prisional cautelar onde o juiz aponta a existência de indícios suficientes de que o agente integra a notória facção criminosa PCC", justifica a decisão. Os advogados de defesa dos presos não foram localizados pela reportagem.

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