Mortes de membros da cúpula do PCC, no Ceará, completam um ano

Os criminosos 'Gegê do Mangue' e 'Paca' foram traídos por comparsas da mesma facção criminosa. A dupla transitava livremente no Estado por quase seis meses, levando vida de luxo e foi morta em uma emboscada

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br

Um ataque cinematográfico que revelou à população e autoridades a presença de lideranças da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no Estado do Ceará. Há um ano, os corpos de Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue' e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca', eram encontrados em uma reserva indígena localizada no município de Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Os dois criminosos foram vítimas de uma armadilha planejada por outros membros do PCC.

No dia 15 de fevereiro do ano passado, a dupla foi levada em um helicóptero junto com seus assassinos. A aeronave pousou numa clareira na reserva indígena Jenipapo-Kanindé, e quando decolou dali já não levava mais 'Gegê' e 'Paca'. Os corpos foram achados no dia 16 por um índio, mas identificados apenas no dia 17.

A presença da cúpula do PCC no Ceará não era imaginada pelas autoridades. Uma semana depois do duplo homicídio, uma queima de arquivo evidenciou que havia um "racha dentro da facção". Wagner Ferreira da Silva, conhecido como 'Cabelo Duro' e apontado pelas autoridades como envolvido diretamente no duplo homicídio, também foi assassinado a tiros, desta vez, em São Paulo.

Ao todo, 10 nomes foram denunciados pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) por participação no crime. Uma junta de três juízes decretou as prisões temporárias de Erick Machado Santos - conhecido por 'Neguinho Rick da Baixada'; Ronaldo Pereira Costa; André Luiz da Costa Lopes - o 'Andrezinho da Baixada'; Thiago Lourenço de Sá de Lima; Renato Oliveira Mota; Carlenilto Pereira Maltas - vulgo 'Ceará'; Gilberto Aparecido dos Santos - conhecido 'Fuminho'; Felipe Ramos Morais, o piloto; Jefte Ferreira dos Santos e Maria Jussara da Conceição dos Santos. Muitos destes continuam foragidos e outras duas mulheres, além da lista acima, cumprem um tipo de medida cautelar.

Andamento

Há pouco mais de uma semana, quando a reportagem solicitou entrevista à SSPDS a respeito do caso, a Pasta informou que Felipe Ramos Morais e Jefte Ferreira Santos seguem presos. Samara Pinheiro e Madga Enoé tiveram seus mandados de prisão convertidos, pelo Poder Judiciário, em medidas cautelares: de acordo com a SSPDS, "ambas utilizam tornozeleiras eletrônicas", informação negada pela defesa, que afirma que o uso aconteceu apenas durante 30 dias.

Suspeito do crime, 'Andrezinho da Baixada' chegou a se apresentar à Polícia Civil de São Paulo, no dia 25 de outubro de 2018. Ele prestou depoimento e foi liberado em seguida, devido à lei eleitoral que não permite prisão no período próximo à votação, salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

Desde o dia que foi liberado pela Polícia Civil de São Paulo, Andrezinho não foi mais visto pelas autoridades. A reportagem tentou contato com André Luiz por meio do advogado de defesa que o representa, mas não obteve retorno. Outras tentativas sem respostas foram as das defesas de Felipe Ramos e Jefte. Por meio do advogado, Carlenilto Maltas informou que preferia não se manifestar.

Já Francisco Cavalcante Cidrão e José Cavalcante Cidrão se pronunciaram por meio do advogado Kaio Castro ressaltando que não foram denunciados pelo MPCE e que: "Após um ano conseguimos restabelecer a tranquilidade e paz na nossa família. Além disso, sempre negamos e em um primeiro momento a Polícia não acreditou. Não viramos nem réu, o próprio Ministério Público sequer denunciou a gente. Foi uma injustiça muito grande, mas o que importa é que não fomos ameaçados e todos sabem da verdade agora".

O advogado do réu Renato Mota também enviou fala do seu cliente, que permanece alegando não ter nenhum conhecimento dos porquês dos assassinatos de 'Gegê e 'Paca'. "Nunca tive envolvimento com qualquer crime. Nunca fui de facção. Hoje eu estou sem viver, com depressão. E a Justiça não me dá oportunidade de esclarecer. Como eu nunca tive envolvimento com facção eu não fiquei recebendo ameaça. Até hoje não entendo como entrei nisso. Sempre trabalhei honestamente", pontuou Renato.

Ainda na tentativa de esclarecer o desdobramento do duplo homicídio, o Sistema Verdes Mares também tentou ter acessar ao processo judicial. No Fórum de Aquiraz, a reportagem não teve a permissão para ler o documento.

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