Justiça Estadual revoga prisão de quadrilha ligada à facção GDE

Acusados de matar um adolescente de 17 anos tiveram a prisão decretada em 2017, ano em que ocorreu o crime. Dois anos depois, os réus foram soltos por excesso de prazo na formação da culpa. Jovem teria sido morto por vingança

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br
Legenda: Morte de adolescente foi praticada pelo grupo na Comunidade do Lagamar, em Fortaleza
Foto: FOTO: FABIANE DE PAULA

Quatro homens, apontados como integrantes da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) e acusados de homicídio e organização criminosa, foram beneficiados com a revogação das suas prisões. A decisão foi tomada pela 1ª Vara do Júri em 3 de maio deste ano e publicada no Diário da Justiça Eletrônico na última segunda (10).

O juiz acatou o pedido de revogação de prisão preventiva feito pelo denunciado Claudeonor da Silva Nascimento, o 'Cláudio Cara de Cavalo' - que foi colocado em liberdade. A decisão abrangeu os outros três réus. José Paulo Carneiro de Moraes, o 'Preto', estava foragido. O processo contra Paulo Victor Carneiro de Moraes estava suspenso. Já Maciel Walison da Silva Faria continuará preso porque possui outros dois mandados de prisão.

O grupo é acusado de matar Ítalo Pablo Cunha de Sousa, de apenas 17 anos, no dia 20 de março de 2017. Depois de mais de dois anos, a Justiça Estadual considerou que a ação penal não transcorreu como esperado: quatro audiências já foram adiadas e as duas únicas testemunhas do caso não foram mais localizadas. Para o magistrado, a revogação da prisão é motivada pelo "atraso na formação da culpa que desponta excessivo".

O Ministério Público do Ceará (MPCE) havia se posicionado contra o relaxamento da prisão de 'Cláudio Cara de Cavalo' e, consequentemente, dos outros réus: "Após minuciosa análise dos autos, conclui o Ministério Público que, em relação ao acusado, ora requerente, se fazem presentes os requisitos autorizadores da manutenção de sua prisão preventiva, já que há prova da existência do fato, fortes indícios de autoria e, ainda, a necessidade de garantia da ordem pública e paz".

A defesa de Claudeonor alegou, no pedido feito à Justiça, que o réu é primário, com residência fixa e ocupação lícita (mecânico), e que contribuiu para a instrução processual, além de destacar a dificuldade da Justiça de localizar as testemunhas e realizar as audiências. Os advogados dos réus não foram encontrados para se pronunciar sobre o caso.

Vingança

Conforme a denúncia do MPCE, emitida em 19 de novembro de 2017, o crime foi motivado por vingança, já que Ítalo Pablo - que também seria integrante da GDE - teria matado um outro membro da facção criminosa.

"Segundo consta nos autos do incluso Inquérito Policial, o ofendido, foi chamado por várias vezes pelos denunciados para que saísse de casa. Por volta de 15h do dia 20 de março de 2017, o vitimado resolveu dirigir-se à Travessa Libertador (Comunidade Lagamar) e, ao se aproximar dos trilhos, foi cercado por Paulo Victor, 'Cláudio Cara de Cavalo', 'Preto' e Maciel, todos armados, com pistolas. Ítalo ainda entrou em luta corporal com Victor, tendo os demais efetuado disparos contra o vitimado", descreve a denúncia.

Facção

Ítalo teria matado Francisco Diego da Silva Carvalho, na madrugada daquele mesmo dia, após ser ameaçado no dia anterior. Eles dois e os outros quatro homens são apontados como participantes do núcleo dos Guardiões do Estado da comunidade do Lagamar - um dos principais redutos da facção -, em Fortaleza.

A GDE nasceu a partir de uma torcida organizada de futebol, no bairro Conjunto Palmeiras, na Capital, em 2015, e arregimentou dissidentes da organização criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC), que não queriam mais pagar a 'cebola' (taxa por pertencer à facção). Desde 2017, quando houve um recorde de homicídios no Estado, a facção cearense trava uma guerra sangrenta com o Comando Vermelho (CV).

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados