Juiz que matou vigilante ainda foragido

Sobral (Sucursal) - A Polícia ainda não conseguiu localizar o juiz de Direito Pedro Percy Barbosa Araújo, da 4ª Vara da Comarca de Sobral, que matou o vigilante José Renato Coelho Rodrigues, 32 anos, caso noticiado ontem - com exclusividade - pelo Diário do Nordeste. O crime ocorreu na noite de domingo, por volta das 22h20min, no supermercado Super Lagoa.

O gerente Francisco de Assis Viana disse que o estabelecimento, aos domingos, fecha às 22 horas, e durante a semana às 23. Ele estava encerrando o movimento, quando um empacotador o procurou, informando que tinha um rapaz tentando entrar na loja, mostrando uma carteira e dizendo que era autoridade. Para evitar problemas, orientou que vigilante fosse avisado para deixar o cidadão entrar. Feito isto, acompanhou o funcionário para falar com o cliente. “Quando cheguei ele já estava dentro da loja. Disse que iria prender o vigilante, por sido barrado; e também me ameaçou de prisão. Depois saiu, fez ligações do celular. Então, voltei para o meu trabalho. Ele voltou a entrar e de repente ouvi um tiro”, relatou Assis Viana.

TRABALHADOR - No domingo, José Renato saiu de casa por volta das 18h30min, para o seu terceiro plantão no horário de 19 às 7 horas. Separado, morava com os pais na Travessa Pedro Mendes Carneiro, 36, no bairro Coração de Jesus, e tinha um filho de seis anos. “Recebi a notícia em casa. Cheguei lá e encontrei o corpo dele estendido no chão. Me revoltei com o gerente que deixou o juiz entrar, um marginal que se diz magistrado. É um monstro, impiedoso. Espero Justiça divina e na terra”, desabafou o pai, o bancário aposentado Renato Coelho, cobrando providências do Tribunal de Justiça e do secretário de Segurança Pública.
O assassinato do vigilante foi documentado pelo circuito interno de TV do supermercado. O major Mendonça comentou que é possível observar que “o juiz já entrou de arma em punho. A vítima tentou se explicar, mas ele não quis saber de nada. Deu uma espécie de gravata, imobilizando a vítima, e depois desfechou um tiro na nuca”.

Outros detalhes chamam a atenção, como a presença de um homem sempre ao lado do juiz. O gerente Assis Viana disse, por sua vez, que ele estava acompanhado de duas mulheres que ficaram na parte de fora. Depois de praticar o crime, Pedro Percy deixou o local, sem fazer compras, em seu Toyota Corolla de cor preta e placas HYE-9079.O fiscal de salão Márcio Vital, colega de Renato, manifestou a opinião de que “este juiz demonstrou que é um desequilibrado. Ele tirou a vida de um cidadão simples, bom e trabalhador. Na sua violência e falta de responsabilidade, não soube compreender que a loja já estava fechada”. “Acho que isto é a certeza da impunidade, que é grande. Ele precisa ser exemplarmente punido com a perda do cargo de juiz e a prisão máxima que a lei permitir”. Esta afirmação do deputado estadual Ivo Gomes mostra o clima de revolta com o assassinato.