Iraniano vai a júri por tentativa de homicídio

Escrito por Redação ,
O julgamento ocorre cerca de quatro anos após o atentado contra o auditor da Receita Federal Jesus Ferreira

O iraniano Farhad Marvizi, 50, o ´Tony´, apontado como chefe de uma organização criminosa com atuação no Estado, será julgado, amanhã, na Justiça Federal no Ceará, pela tentativa de homicídio contra o auditor da Receita Federal José Jesus Ferreira, ocorrido no dia 9 de dezembro de 2008, em Fortaleza.

O auditor da Receita Federal, José Jesus Ferreira, trafegava em sua caminhonete quando foi atacado por dois homens em uma moto FOTO: MIGUEL PORTELA (09/12/2008)

O estrangeiro, está preso desde agosto de 2010, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação ´Canal Vermelho´, que resultou na prisão de Marvizi e de outros acusados de envolvimento com a quadrilha, entre eles policiais militares.

Segundo as investigações do Núcleo de Inteligência da Polícia Federal, o iraniano, que é empresário do ramo de importados e equipamentos de áudio e vídeo, teria contratado pistoleiros para matar o auditor, que foi vítima de uma emboscada no cruzamento das ruas Meruoca e José Lino, no bairro da Varjota, em Fortaleza. Os atiradores, que estavam em uma motocicleta, efetuaram vários disparos de pistola contra o funcionário público.

Cinco tiros atingiram o rosto de Jesus, que foi levado para o hospital e, até hoje, ainda se recupera das lesões. Na época do crime, Jesus era chefe da Divisão de Repressão ao Contrabando e Descaminho da Receita Federal da 3ª Região.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), as investigações apontam como motivação para o atentado, o trabalho que Jesus realizava na fiscalização e apreensão de mercadorias, que seriam importadas de forma fraudulenta pelo comerciante iraniano. O MPF denunciou o iraniano por tentativa de homicídio. O juiz Danilo Fontenele Sampaio pronunciou o réu.

Advogados do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) atuarão como assistentes da acusação. O advogado Flávio Jacinto representa o réu.

O iraniano Farhad Marvizi, o ´Tony´, foi preso em 2010, pela PF. Atualmente, ele está recolhido em um presídio federal, no Rio Grande do Norte FOTO: DIVULGAÇÃO

O MPF denunciou, posteriormente, Lucivaldo Pereira Ferreira, Mayron Silva de Lima e Alex Nogueira Pinto, apontando os dois primeiros como tendo atuado diretamente na tentativa de homicídio e o último por ter intermediado o crime. A data do julgamento dos dois ainda não foi marcada.

Outros crimes

Além da tentativa de homicídio, Marvizi é acusado de envolvimento em outros crimes, como assassinato, evasão de divisas, contrabando, sonegação fiscal, formação de quadrilha ou bando e enriquecimento ilícito.

Uma das execuções teve como vítima o comerciante Carlos José Medeiros Magalhães e a mulher dele, Maria Elisabeth Almeida Bezerra. Os dois foram mortos em de agosto de 2010, quando a residência do casal, situada no Conjunto Esperança, foi invadida por criminosos, supostamente a mando de Marvizi.

O empresário Francisco Francélio Holanda Filho também teria sido eliminado por fazer concorrência ao iraniano no mercado de venda de celulares e acessórios de telefonia móvel.

Juiz restringe o acesso à sessão

O juiz Danilo Fontenele Sampaio, titular da 11ª Vara Federal, presidirá o julgamento do iraniano Farhad Marvizi, sobre a tentativa de homicídio contra o auditor da Receita Federal José de Jesus Ferreira. O magistrado ordenou que fossem tomadas medidas de proteção e segurança no prédio da Justiça Federal no Ceará, no Centro da Capital.

A primeira delas foi a ordem para isolar o 5º andar do prédio da Justiça Federal no dia da sessão com o objetivo de acomodar as testemunhas e a vítima, ficando a área restrita a quem for participar do júri e ao público credenciado. Além disso, o auditório, onde ocorrerá a sessão, será vistoriado pelo setor de segurança e lacrado no dia anterior ao Júri, só sendo aberto na hora do início do julgamento.

O prédio da Justiça Federal no Ceará, localizado no Centro da Capital, receberá um forte aparato de segurança para a sessão de julgamento FOTO: JOSÉ LEOMAR

Apenas 60 lugares foram disponibilizados para o público, mediante credenciamento, que foi feito no dia 9 de outubro deste ano na Secretaria da 11ª Vara. A vítima e seus parentes terão 14 lugares reservados, assim como os parentes do réu.

Sampaio não permitirá, durante a sessão, qualquer tipo de manifestação, a favor ou contra o réu ou a vítima, "nem mesmo camisas com fotos, cartazes, dizeres ou mesmo padrões uniformes de cores que possam ser tidos como capazes de influenciar os jurados", afirmou o juiz.

O magistrado proibiu a entrada de pessoas na sessão com celulares, ipods, ipads ou qualquer equipamento eletrônico, mesmo desligados. Segundo o titular da 11ª Vara Federal, "tal medida é adotada como forma de evitar-se qualquer captação e divulgação de imagem das testemunhas, jurados e vítima". A sessão será filmada e gravada.

O juiz permitirá que a defesa providencie médico particular para dar assistência ao réu, que afirma sofrer de problemas de saúde.

Manifestação

Um ato público está sendo organizado pelos Auditores Fiscais da Receita Federal, amanhã, em frente ao local do julgamento. O objetivo da manifestação, segundo o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco), é chamar a atenção para o crime contra Jesus e alertar sobre os riscos a que estão expostos diariamente os agentes de fiscalização. A Delegacia do Sindifisco no Ceará tem prestado suporte médico, jurídico e de segurança a Jesus.

EMERSON RODRIGUES
REPÓRTER
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