GDE age novamente e deixa recado escrito em calçada de Batalhão da PM

Diante da situação do Estado, uma Vara especializada para julgar crimes cometidos por facções será criada

Escrito por Messias Borges / Emanoela Campelo de Melo / Repórteres ,

A facção local Guardiões do Estado (GDE) volta a agir. Diante da falta de limites, parece até fantasia até onde a organização criminosa está indo. Fortaleza ainda amarga o luto da Chacina das Cajazeiras, ocorrida na Comunidade do Barreirão, no último dia 27, quando é surpreendida a cada dia por novas investidas dos criminosos. Desta vez, um recado de afronta foi deixado na calçada do 22º BPM, no bairro Papicu, em Fortaleza, escrito com as próprias pedras arrancadas dos arredores do Batalhão.

Uma pessoa ainda não identificada pela Polícia retirou paralelepípedos da calçada da Rua Prisco Bezerra, durante a madrugada de ontem, e construiu a frase "GDE 745: tudo nosso. Tudo 3".

Os policiais militares se depararam com a frase ao chegarem ao trabalho. Em seguida, os militares desfizeram a mensagem. O comandante da Área Integrada de Segurança (AIS) 10, major Vicente de Paula, contou que a própria Polícia Militar já está realizando um levantamento para a identificação de quem escreveu a mensagem afrontosa.

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"Isso é coisa de 'pirangueiro'. Ele colocou aquelas pedrinhas só para aparecer. Estamos ocupando a Comunidade do Pau Fininho e estamos realizando uma operação na área", revelou o major Vicente de Paula.

A Favela do Pau Fininho, nas proximidades do 22º BPM, tem atuação da GDE. Segundo o comandante da AIS 10, a Polícia se utilizará de imagens de câmeras de monitoramento de um shopping vizinho ao quartel para auxiliar nas investigações.

A reportagem questionou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) sobre a ação, mas não recebeu resposta até o fechamento desta matéria.

Facção

A GDE nasceu no bairro Conjunto Palmeiras, em Fortaleza, e se pulverizou em vários grupos, pela periferia de Fortaleza, na Região Metropolitana e Interior do Estado. A facção ganhou visibilidade a partir de 2017, ao protagonizar uma sequência de ataques contra ônibus e prédios públicos, que causaram um colapso na Capital; e por travar uma batalha sangrenta com a organização rival Comando Vermelho (CV), impactando diretamente no aumento de mais de 50% no número de homicídios no Estado, no ano passado.

O grupo criminoso tem se caracterizado por ações criminosas violentas e cruéis, como a Chacina das Cajazeiras, ocorrida no último sábado (27), em que 14 pessoas foram mortas.

A Comunidade do Barreirão ainda tenta voltar à normalidade, enquanto a saudade das vítimas e as lembranças da fatídica madrugada da chacina ainda povoam as ruas.

Uma Missa de 7º Dia, em homenagem aos 14 mortos no massacre ocorrido na casa de show 'Forró do Gago' será celebrada, hoje, às 19h na Catedral Metropolitana de Fortaleza, localizada no Centro da Cidade. Também haverá celebração, na Paróquia de São Diogo, localizada na Rua Maria Nogueira de França, no bairro Cajazeiras.

Força-tarefa

Após o governador do Ceará, Camilo Santana, ter anunciado que o Tribunal de Justiça do Estado (TJCE) participaria da força-tarefa composta por diversas Instituições, para combater o avanço das facções no Ceará, o Pleno do Tribunal aprovou, na tarde de ontem, o projeto de lei para a criação da Vara de Delitos de Organizações Criminosas.

Segundo o presidente do TJCE, desembargador Gladyson Pontes, a iniciativa já vinha sendo estudada em razão da demanda dos órgãos de Segurança Pública, contudo, foi "acelerada diante do momento crítico que o Estado tem enfrentado com as ações de facções criminosas".

O Tribunal informou que, com esta Vara especializada, o Poder Judiciário terá meios adequados para dar celeridade aos julgamentos de processos dessa natureza. O projeto de lei a ser enviado à Assembleia Legislativa do Ceará (AL/CE)diz que a Vara terá titularidade coletiva, sendo composta por três juízes.

"Com um juízo especializado, além da celeridade, a expectativa é de que haja maior integração entre órgãos que atuam na área, como a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público Estadual", informou o TJCE lembrando que a Vara terá sede em Fortaleza, mas jurisdição em todo o Estado.

Medidas

Durante anúncio da criação da unidade judiciária, feito em coletiva realizada no último domingo (28), Camilo Santana lembrou que a medida mostra união das instituições para combater a violência no Ceará. Segundo o governador, além do TJCE, serão feitas reuniões periódicas com a Polícia Federal, Ministério Público Estadual e Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus).

"Vamos poder ter mais agilidade nos processos em relação ao crime organizado no Ceará. Essa experiência da Vara exclusiva é baseada no Estado de Alagoas. São ações importantes. Isso mostra que o Estado está unido, que as instituições estão unidas para combater essas questões que, hoje, enfrentamos no Estado e que são reflexos das ações das facções em todo o País", disse o governador.

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