Esquema criminoso gerou rombo de R$ 50 mi aos cofres públicos

Projeção da PF para o prejuízo causado pela quadrilha quase triplicou entre a primeira e a terceira fase da Operação. Suposto líder da quadrilha, um ex-superintendente do BNB, foi alvo da ofensiva policial de ontem

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br
Legenda: Ontem, policiais federais cumpriram oito mandados de busca e apreensão em Fortaleza, Morada Nova, Tabuleiro Do Norte e Quixadá
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

O aprofundamento das apurações no bojo da Operação Gremlins levou a Polícia Federal (PF) a uma fraude quase três vezes maior que a projeção inicial. Na primeira fase, deflagrada em 2015, os investigadores estipulavam um prejuízo de R$ 20 milhões aos cofres públicos. Ontem, na terceira fase, esse valor já superava a marca de R$ 50 milhões.

O nome da Operação é uma alusão ao personagem de um filme homônimo, que retratava um ser fantástico que se multiplicava rapidamente - como os crimes cometidos pela quadrilha e o dinheiro obtido. A organização criminosa é acusada de fraudar créditos rurais, com o apoio de funcionários das agências bancárias.

Segundo a PF, a 'Gremlins III' irá resultar no indiciamento de 10 suspeitos de integrar um bando que contratou 351 financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) em uma agência do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), no Município de Limoeiro do Norte (a cerca de 200 km de distância de Fortaleza), entre 2009 e 2011.

No grupo, há funcionários do banco, pecuaristas, elaboradores de projetos e lideranças de projeto de assentamento. De acordo com a Polícia Federal, eles serão indiciados, conforme a participação no esquema, pelos crimes de associação criminosa e fraude na obtenção de financiamento, e os servidores públicos ainda irão responder por gestão fraudulenta.

Policiais federais cumpriram oito mandados de busca e apreensão em Fortaleza, Morada Nova, Tabuleiro do Norte e Quixadá, ontem. Uma das ordens judiciais foi cumprida na residência do acusado apontado como líder da quadrilha, o ex-superintendente do BNB no Ceará e hoje aposentado, Isidro Moraes de Siqueira. As medidas foram determinadas pela 15ª Vara da Justiça Federal em Limoeiro do Norte, que também autorizou o bloqueio de contas e bens móveis dos investigados. Ninguém foi preso.

Quadrilha

Alguns alvos da ação policial de ontem já eram investigados na primeira fase da Operação Gremlins, deflagrada em 24 de novembro de 2015, e respondem a processos na Justiça Federal. Um deles, Isidro Siqueira teria se utilizado do cargo que ocupava de superintendente do BNB para determinar a prioridade de tramitação de operações de crédito para políticos.

Conforme documentos obtidos pela reportagem, o ex-prefeito de Tabuleiro do Norte, José Marcondes Moreira, foi uma das figuras públicas a entregar uma relação com pessoas que seriam beneficiadas com mais agilidade pelo financiamento - na época em que era vice-prefeito, em 2010.

Outra liderança do esquema criminoso seria o gerente de negócios do Pronaf na agência do BNB em Limoeiro do Norte, José Edgar do Rego. As apurações descobriram que o servidor deixou de conferir documentos obrigatórios para a realização das contratações e liberações dos recursos e emitiu pareceres gerenciais idênticos em propostas de financiamentos de empreendimentos diferentes, entre outras irregularidades.

O trio foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), com mais 12 acusados (sendo 11 bancários e um agropecuarista) em uma ação de improbidade administrativa, em novembro de 2016.

Os 13 bancários também foram acusados, em outro processo, em agosto do mesmo ano, por gerirem fraudulentamente instituição financeira e peculato, conforme a participação individual. As defesas dos investigados citados preferiram não comentar o assunto ou não foram localizadas.

Capital

Já a Operação Gremlins II, deflagrada pela PF em 24 de outubro de 2017, se voltou para outra organização criminosa, constituída dentro de uma agência do Banco do Brasil (BB) na Parquelândia, em Fortaleza. O grupo liberava créditos do Pronaf e do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) para a bovinocultura, pesca e apicultura, mas o dinheiro era desviado. A ação policial prendeu 15 suspeitos de integrar a quadrilha.

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