Empresário envolvido em fraude é condenado a 22 anos de prisão

Acusado de crimes como corrupção ativa e falsidade ideológica, Fernando Alves Carneiro utilizava documentos falsos e foi apontado como beneficiário de esquema milionário de empréstimos na Caixa Econômica Federal

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br
Legenda: O dinheiro teria sido distribuído entre os envolvidos e "lavado" com a compra de veículos de luxo, além de imóveis, inclusive fora do Brasil
Foto: Foto: Erika Fonseca (24/3/2015)

Três anos após a deflagração da "Operação Fidúcia", a Justiça Federal no Ceará começou a expedir sentenças para os envolvidos no complexo esquema de fraudes contra a Caixa Econômica Federal (CEF), que deixou um rombo financeiro de quase R$ 21 milhões na Instituição. Os crimes teriam a participação de empresários, funcionários públicos da CEF e agentes que serviriam como sócios "laranjas". Até o momento, sete denunciados foram absolvidos, e um foi sentenciado a mais de 22 anos de prisão.

A decisão do juiz federal Francisco Luís Rios Alves, titular da 32ª Vara Criminal, proferida no último dia 5 de novembro e obtida pelo Sistema Verdes Mares (SVM), determinou que o réu Fernando Hélio Alves Carneiro seja incluído no rol dos culpados. O empresário foi condenado a 22 anos, 10 meses e 10 dias de reclusão, pena a ser cumprida em regime fechado, por crimes como falsificação de documento público, corrupção ativa, falsidade ideológica e obtenção fraudulenta de financiamento.

Fernando teria movimentado milhões de reais através de uma conta aberta com o nome falso de Hélio Alves Carneiro. Ele também teria falsificado RGs e CPFs. Último empresário investigado na Operação Fidúcia a ser preso, em maio de 2015, ele estava nos Estados Unidos e se entregou ainda no Aeroporto Internacional Pinto Martins.

Pelo mesmo dispositivo, foram absolvidos de crimes como corrupção passiva e organização criminosa, Geovane Silva Oliveira Filho, David Athilla Andrade Bandeira Barreto, Ana Márcia Cavalcante Nunes, Francisco Evandro Cavalcante Marinho, Joacy Nogueira de Oliveira e Jaime Dias Frota Filho, os cinco últimos funcionários da CEF. Anteriormente, a denunciada Márcia Mendonça Guedes já havia sido absolvida.

A defesa de Francisco Evandro e Joacy Oliveira, representada pelo advogado Nestor Santiago, declarou que, "desde o início, insistiu na ausência total de provas que pudessem incriminá-los, bem como na inviabilidade de a denúncia condená-los por fatos que não aconteceram. Trata-se de uma decisão justa e que reconhece a verdade dos fatos. A reparação de um erro foi devidamente feita pelo Poder Judiciário Federal".

Pendentes

Também denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF), Francisco das Chagas Lima (aposentado e sócio-laranja), Antonio José da Silva Barbosa (motoqueiro e sócio-laranja) e Willame da Silva Souza (eletricista e sócio-laranja) foram beneficiados com a suspensão condicional do processo, por um período de dois a quatro anos.

Já o acusado José Roberto Mesquita Barreto, apontado pelo MPF como sócio-laranja, não foi localizado para ser citado pessoalmente. A Justiça Federal determinou o desmembramento de sua ação penal, a qual se encontra suspensa.

Apesar das primeiras sentenças, alguns dos 'cabeças' do arranjo ainda não foram julgados, conforme o MPF. Dentre eles, os irmãos de Fernando Hélio e também empresários Diego Pinheiro Carneiro e Ricardo Alves Carneiro, este tido como o mentor de toda a arquitetura criminosa. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, Ricardo aparecia como dono das empresas fornecedoras dos bens adquiridos e seria o principal beneficiário das fraudes.

Empréstimos fraudulentos

A denúncia do MPF afirmou existirem irregularidades em empréstimos, concedidos sem atender a exigências legais e com base em documentação falsa. Os empresários investigados abriam empresas-fantasma, em nomes de terceiros, para obtenção de empréstimos fraudulentos e os bens dados como garantia de pagamento não existiam, deixando prejuízo milionário à instituição financeira. O dinheiro teria sido distribuído entre os envolvidos e "lavado" na compra de veículos de luxo, além de imóveis, inclusive fora do Brasil. Contas bancárias nos EUA também teriam sido utilizadas para ocultar os valores.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
Assuntos Relacionados