Empresária vai a júri popular por assassinato de advogado em 2010

Acusada e vítima saíram de escritório juntos, antes de o homem ser encontrado morto. Um celular dele foi localizado com a mulher, que é apontada como integrante de um grupo de extermínio liderado pelo iraniano Farhad Marvizi

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br
Legenda: Corpo do advogado foi encontrado alvejado, dentro de um veículo, no bairro Guajiru, em Fortaleza
Foto: Foto: Kiko Silva (31/5/2010)

Uma morte misteriosa, ocorrida na Grande Fortaleza no dia 31 maio de 2010, pode ter desfecho no próximo dia 9 de outubro. Após nove anos, a única ré do processo, a empresária Francisca Elieuda Lima Uchoa, vai a julgamento na 2ª Vara do Júri de Fortaleza, pelo homicídio do advogado Antônio Jorge Barros de Lima.

O júri popular foi marcado pela Justiça Estadual na última segunda-feira (9). Conforme os memoriais finais do Ministério Público do Ceará (MPCE), o crime foi cometido pela mulher junto de pessoas que não foram identificadas - em todo esse tempo. 

Francisca Elieuda foi identificada por testemunhas como a mulher que chegou ao escritório do advogado, localizado no Eusébio, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e depois saiu com ele, por volta de 11h. A movimentação levantou a suspeita de colegas de trabalho da vítima.

Policiais militares encontraram o corpo de Antônio Jorge com três tiros, dois na cabeça e um no peito, dentro da caçamba do seu veículo, uma picape Montana, na Rua Barão de Lucena, bairro Guajiru, na Grande Messejana, em Fortaleza, às 14h30 daquele dia.

Investigação

Uma prova da participação de Francisca Elieuda na morte de Jorge foi descoberta em outra investigação, conduzida pela Polícia Federal (PF). Um aparelho celular do advogado chegou a ser encontrado na posse da empresária, durante o cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão.

A PF investigava o duplo homicídio que vitimou Carlos José Medeiros Magalhães e sua esposa, Maria Elisabeth Almeida Bezerra, no bairro Conjunto Esperança, na Capital, no dia 2 de agosto de 2010. O casal colaborava com a Polícia Federal em uma investigação sobre um esquema criminoso liderado pelo iraniano Farhad Marvizi, o 'Tony'.

O estrangeiro, que está preso, era empresário do ramo de eletrônicos e vendia produtos no País sem pagar impostos. Segundo as investigações da Polícia, ele formou um grupo de extermínio acusado de matar várias pessoas em Fortaleza. Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça levaram aos responsáveis pela morte de Carlos José e Maria Elisabeth, entre eles Farhad Marvizi, o ex-PM Jean Charles Libório e a esposa do ex-militar, Francisca Elieuda (os três são réus no processo do duplo homicídio).

A motivação da morte do advogado nunca foi esclarecida. No entanto, consta nos autos depoimento de um policial federal que aponta um indicativo. Uma testemunha teria revelado em depoimento, na Polícia Federal, que antes de ser morto, Jorge teria confidenciado que estava com um caso muito complicado de um sobrinho de um policial que era muito perigoso. O PM em questão seria Jean Charles Libório, esposo de Elieuda. No entanto, somente a mulher foi denunciada pela morte de Jorge Barros.

Outros crimes

O grupo de extermínio ainda é apontado como autor da tentativa de homicídio a um auditor da Receita Federal, em Fortaleza, no dia 9 de dezembro de 2008. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o crime foi motivado pelo trabalho da vítima na fiscalização e na apreensão de mercadorias que eram importadas de forma fraudulenta pelo comerciante iraniano.

O advogado Sílvio Vieira, que representa a empresária Francisca Elieuda Lima Uchoa,  procurou a reportagem para rechaçar as acusações contra sua cliente. Quanto à ligação dela com o grupo de extermínio liderado pelo iraniano Farhad Mavizi, a defesa informou que Elieuda e o ex-esposo foram impronunciados pela tentativa de homicídio contra o auditor da Receita. 

Com relação ao homicídio do advogado Jorge Barros, a defesa afirma que Elieuda não foi reconhecida na Delegacia, sendo identificada somente na Justiça, em um procedimento “contestável”, conforme Sílvio Vieira. O advogado disse ainda que o celular de Jorge Barros, encontrado em poder da suspeita, foi comprado na Messejana e ela não sabia se era roubado. “Ela pode ser condenada por receptação, mas nunca por homicídio. Não há provas contra ela”, finalizou. 
 

 

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