Desaparecimento de Anderson completa 2 semanas sem respostas

Conforme a advogada da família, o relatório do GPS da viatura, com a composição policial que abordou o jovem, indicou que eles passaram quase duas horas parados no endereço de Anderson Henrique

Escrito por Redação , seguranca@verdesmares.com.br
Legenda: Testemunhas contaram em depoimentos oficiais que viram Anderson ser agredido e ouviram os gritos dele pedindo socorro
Foto: Foto: Helene Santos

Desde o início da tarde de 11 de junho de 2019, a família e amigos próximos a Anderson Henrique da Silva Rodrigues, 20, estão sem respostas para o sumiço do jovem. O estranhamento e a procura desenfreada 'contra o tempo' se deram porque, de acordo com testemunhas, aquele não se tratava de um sumiço qualquer, mas sim, algo proposital, tendo como principais suspeitos policiais militares. No entanto, até agora, não há informações, sequer, se as buscas foram iniciadas.

Nos últimos momentos que os vizinhos de Anderson o viram e escutaram sua voz, ele estava acompanhado de um grupo de PMs, que havia abordado o rapaz instantes antes. Em boletins de ocorrência, houve registros que os policiais agrediram Anderson Henrique, invadiram a casa da vítima, no bairro Zumbi, em Horizonte, onde ficaram por duras horas, e já teriam saído de lá levando ele desacordado, em uma viatura.

De pronto, por meio de nota oficial, a Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE) negou as agressões e a invasão, mas admitiu que a abordagem aconteceu e justificou que isto é um procedimento de rotina dos servidores. A PMCE pontuou que nada de ilícito foi encontrado em posse de Anderson naquele dia e, então, ele foi liberado pelas autoridades.

Quando o caso tomou repercussão e a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) instaurou procedimento administrativo para apurar o fato, o Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) instaurou Inquérito Policial Militar.

Conceição Moreira, advogada de Anderson Henrique, afirmou que logo no início das investigações, uma pessoa, que não quis se identificar, contou ter visto onde os PMs do CPraio jogaram o corpo do jovem. De acordo com Conceição, as autoridades também já têm conhecimento acerca de todo o trajeto feito pela viatura que abordou a vítima.

Relatos

"A informação dos populares bate com a do GPS. Das 11h36 até 13h09, eles ficaram lá dentro da casa. Estivemos no Comando e foi constatado que eles receberam o relatório do GPS da viatura. Vi todas as localizações lá. Foram muitas paradas. Passaram por Queimadas, Cachoeira e Gavião e às 16h40 entregaram a viatura", diz Conceição.

A advogada, já responsável por prestar assistência a Anderson e à família dele desde quando o jovem de 20 anos respondia pelo crime de receptação, destacou que mesmo após dias do recebimento do relatório, não começaram as buscas na tentativa de achar o corpo. Maria Cristiane da Silva, mãe da vítima, reforça a ideia de que o filho está morto e suplica pelo direito de enterrá-lo com dignidade.

"Até agora, só tenho informações da população sobre o acontecimento. Cadê meus direitos? Vai ficar impune porque ele já foi presidiário? Não entendo porque as buscas ainda não começaram. Eu só quero o corpo para enterrar".

Ainda na semana passada, quando questionada sobre o possível afastamento dos policias das ruas e as buscas pelo corpo, a Controladoria Geral se limitou a divulgar que a Delegacia de Assuntos Internos (DAI) instaurou inquérito policial e "as diligências em torno da ocorrência estão sendo realizadas, objetivando esclarecer os fatos relatados pelos familiares".

 

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