'Chacina do Benfica' completa um ano; julgamento segue sem data

Sete pessoas morreram na noite do dia 9 de março de 2018, na Praça da Gentilândia e em dois pontos próximos. De acordo com o TJCE, ainda não houve sentença de pronúncia. O processo segue em segredo de Justiça

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@diariodonordeste.com.br
Legenda: A Polícia Civil do Ceará informou que os inquéritos policiais instaurados para investigar os homicídios foram concluídos
Foto: FOTO: KLEBER A. GONÇALVES

Uma sequência de homicídios com motivação torpe. Por vingança e disputa de território, sete pessoas morreram na noite do dia 9 de março de 2018. Os ataques, com início em uma praça pública, resultou no episódio que ficou conhecido como 'Chacina do Benfica'. Passado um ano desde a matança e três suspeitos pelo crime foram capturados pela Polícia. Dois deles, adultos, permanecem presos.

Centenas de dias depois, o processo segue em andamento. O julgamento dos acusados segue sem data para acontecer, mesmo o caso sendo parte do Programa Tempo de Justiça, que objetiva dar celeridade aos crimes de grande repercussão no Ceará.

De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), não há previsão para que o julgamento aconteça, porque ainda não houve sentença de pronúncia, quando o juiz decide se os réus irão a júri popular. Devido ao processo tramitar em segredo de Justiça, mais informações acerca do andamento do caso não podem ser divulgadas.

O tempo passa, mas, para Rita da Silva, não parece que o filho morreu há um ano. Adenilton da Silva foi uma das vítimas, assassinadas a tiros, em frente à sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza (TUF), por onde os criminosos passaram disparando indiscriminadamente. Silva, apelidado como pelos amigos como 'Mascote', tinha 24 anos.

"Eu estava em casa e aí os vizinhos chamaram. Quando saí na calçada minha vizinha só chorava, não conseguia falar direito. Depois ela se acalmou e me contou que meu filho tinha acabado de morrer. Para mim, foi como se tudo tivesse acontecido ontem. Todo santo dia eu lembro dele. É muito difícil saber que ele morreu desse jeito. Meu filho não era envolvido com nada errado. Foi maldade", disse Rita.

A mãe de Adenilton afirmou que o conforto após a morte veio de Deus. Sobre os órgãos públicos, Rita destaca que recebeu um bom acompanhamento na Defensoria Pública do Ceará, mas na Justiça, ela segue desacreditada: "já fui depor nesse ano. Enquanto isso, continuo esperando pelo julgamento".

Investigação

A Polícia Civil informou que os inquéritos policiais instaurados para investigar os homicídios relacionados à 'Chacina do Benfica' foram concluídos. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) disse que os suspeitos pela autoria dos homicídios são Stefferson Mateus Rodrigues Fernandes, 29, e Douglas Matias da Silva, 26.

Em entrevista ao Sistema Verdes Mares, o delegado João Carlos Machado, da 5ª delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que, após um ano do fato, a Polícia ainda não descarta que mais pessoas estivessem envolvidas nas execuções.

"Durante a ação dos criminosos teve a participação de outro indivíduo que não conseguimos identificar. Não há nada que os que foram presos tenham dito sobre a ordem para a chacina ter partido de dentro de um presídio. O que ficou bem claro é que um homem de apelido 'Geo', que hoje está preso, era o verdadeiro alvo dos homicidas. Depois que eles mataram o primo do Geo, na Praça da Gentilândia, começaram a matar quem não tinha nenhuma relação em locais próximos", pontuou o delegado.

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