CGD já realizou seis prisões de servidores públicos neste ano

Em duas semanas de 2020, foram detidos cinco policiais militares e um agente penitenciário, no Estado. Os crimes vão de homicídio a tráfico de drogas e ameaça. Um dos PMs já era investigado por extorsão a traficantes

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Legenda: Agente penitenciário e PM foram autuados na DAI, da CGD, em Fortaleza
Foto: FOTO: CID BARBOSA

O ano de 2020 começou com diversas detenções de servidores públicos que são pagos para proteger a sociedade, no Ceará. Em 14 dias, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) realizou seis prisões, sendo cinco de policiais militares e uma de agente penitenciário. As identificações dos suspeitos não foram reveladas.

Em todo o ano de 2019, a Controladoria realizou 22 prisões de agentes de segurança ou penitenciários; enquanto em 2018, o Órgão registrou 27 detenções. Em duas semanas de 2020, a CGD já efetuou um número de prisões equivalente a 27,2% do total registrado no ano passado.

Segundo a Controladoria, uma abordagem do Comando Tático Motorizado (Cotam) da Polícia Militar do Ceará, no bairro Montese, em Fortaleza, no dia 3 deste mês, resultou na prisão de um agente penitenciário e de um sargento da PM. A dupla foi levada à Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da CGD, e autuada por receptação, porte ilegal de arma de fogo e comercialização de arma de fogo.

No dia seguinte, outro sargento da PM foi preso por suspeita de disparo de arma de fogo em via pública. Já no dia 7 último, uma investigação policial culminou na detenção de um policial militar, por receptação e adulteração de veículo automotor. Na última segunda-feira (13), a CGD cumpriu um mandado de prisão contra um policial militar por homicídio, no Município de Cruz.

Extorsão

O sexto preso é um soldado da Polícia Militar, que foi detido por equipes do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque), na Avenida Alberto Craveiro, bairro Boa Vista, na Capital, na tarde da última quarta-feira (8). Com ele, foram apreendidos um veículo Toyota Corolla adulterado, 135 gramas de cocaína, R$11.281,00 em espécie, um revólver calibre 38 sem registro, munições de calibre 12 e dois rastreadores veiculares portáteis. Ao ser levado à DAI, o PM foi autuado por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo, ameaça e receptação, segundo a CGD. No último dia 10, a Justiça Estadual decretou a prisão preventiva do militar.

O suspeito era acompanhado pela Assessoria de Inteligência da Polícia Militar (Asint). Durante a abordagem, o soldado proferiu ameaças a um coronel, um tenente e outros policiais, que não estavam no local. "Pode demorar, mas quando eu me soltar vou caçar um por um", prometeu o preso, segundo um PM que realizou a detenção, em depoimento prestado à Delegacia de Assuntos Internos.

A reportagem apurou que o soldado preso já era investigado em dois inquéritos policiais por extorquir traficantes, junto de outros dois militares. Um relatório elaborado pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil, produzido a partir de interceptação telefônica autorizada pela Justiça, aponta que os PMs negociaram, com familiares de um traficante, a liberação do mesmo, no ano passado. Na ocasião, os agentes de segurança teriam apreendido uma arma de fogo e droga, não apresentadas à Delegacia.

Em outro caso, a mesma equipe da PM é suspeita de extorquir R$ 6 mil de um suspeito de tráfico de drogas, na Avenida Cônego de Castro, no bairro Parque Santa Rosa, em Fortaleza, em 2017. Em um estabelecimento comercial do suspeito, os policiais subtraíram R$ 1,3 mil, mas prometeram retornar ao local para pegar o restante do dinheiro. O caso foi registrado em Boletim de Ocorrência.

Além das investigações de extorsão, o soldado e outros três PMs viraram réus por lesão corporal, no dia 5 de dezembro do ano passado. O grupo é acusado de agredir duas mulheres, durante uma confusão no bairro Mondubim, em agosto de 2016. As mulheres teriam defendido um homem que recebeu voz de prisão por desacato, que, por sua vez, teria saído em defesa de jovens que estavam brincando de soltar pipa com linha com cerol e também teriam sido agredidos pelos policiais. A defesa dos militares nega o cometimento dos crimes.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.