Célula da Polícia Civil investiga crimes cibernéticos no Estado

Sem delegacia especializada, Polícia Civil do Ceará aposta na capacitação de profissionais. Neste mês, quatro estudantes foram indiciados por racismo e um homem preso por ameaçar o secretário da Segurança na internet

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br

Criminosos se aproveitam do anonimato que a internet permite para cometer golpes e extorsão, fazer ameaças, entre outros delitos. Para combater os crimes cibernéticos e extrair informações para outras investigações, a Polícia Civil do Ceará (PCCE) conta com a Célula de Inteligência Cibernética do Departamento de Inteligência Policial (DIP) e capacita policiais lotados nas delegacias.

O chefe da Célula de Inteligência Cibernética, delegado Julius Bernardo, conta que a Célula foi criada há aproximadamente três anos. "É um avanço. A tecnologia está presente na nossa vida e, com isso, o Departamento de Inteligência precisa ter um núcleo especializado para obter informações nesse ambiente".

"Só que, com a necessidade da Polícia Civil em apurar crimes nessa área, a Célula acabou se expandindo. Enquanto não temos uma delegacia de crimes cibernéticos, prestamos auxílio às delegacias distritais e municipais, que investigam esses crimes", explica.

Em paralelo, policiais civis das delegacias mais diversas participam do Curso de Investigação de Crimes Cibernéticos, na Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp). Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), 238 investigadores já foram qualificados, em 14 turmas, de 2017 para cá. O curso possui uma carga horária de 32 horas/aula, com disciplinas como elementos essenciais à investigação cibernética e levantamento de dados inicial.

Crimes

A SSPDS não dispõe do número de crimes cibernéticos ocorridos no Estado, já que estes são registrados na delegacia de outra forma, como ameaça e estelionato, por exemplo. Entre os casos recentes, está o indiciamento de quatro estudantes pelos crimes de ameaça e racismo, pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Em uma postagem sobre a população judaica, um suspeito comentou que existia uma sinagoga no Ceará e outro investigado respondeu "vamo (sic) meter o atentado lá". O terceiro disse "nunca é tarde pra melhorar o mundo, vamos", enquanto o quarto pediu "me leva quero ver". A investigação foi divulgada no Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, em 21 de janeiro último.

Em outra ocorrência, Iago Bezerra do Nascimento, de 21 anos, foi preso pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) por proferir ameaças ao titular da SSPDS, André Costa, em uma rede social, no dia 15 de janeiro deste ano. O suspeito escreveu comentários em tom ameaçador e com expressões que faziam apologia a uma facção criminosa.

O delegado Julius Bernardo recomenda que a vítima de qualquer crime ocorrido na internet procure a Polícia Civil para registrar um Boletim de Ocorrência. "Quando comparecer à delegacia, levar o máximo de material probatório. A investigação vai correr na delegacia mais próxima da residência da vítima, quando o autor não é conhecido. Com autoria conhecida, seria na delegacia mais próxima à residência do autor do crime", esclarece.

Para evitar cair em um golpe virtual, o delegado afirma que "o cidadão tem que desconfiar". "Hoje em dia, as pessoas depositam dinheiro para outras porque recebem mensagem por WhatsApp. Tem que verificar se o celular daquela pessoa não foi roubado, se a conta não foi furtada. Tem que se preocupar com a senha do e-mail. Se o e-mail (recebido) te pede algo em troca, verifique a fonte antes de devolver isso, não passe suas informações", indica.

 

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