Ceará registra 19 homicídios por dia desde a paralisação de policiais

Até o fim de quinta-feira (20), os números de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), no Estado somaram 56 casos. Dois, dos três dias até então, já são os mais violentos do ano no Estado

Escrito por Cadu Freitas , cadu.freitas@svm.com.br
Legenda: A sequência de mortes acontece diuturnamente em bairros da Capital e Interior
Foto: Foto: Leábem Monteiro

Desde que parte de servidores da Polícia Militar do Ceará (PMCE) iniciaram paralisações das atividades em diversas regiões do Estado, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) já contabilizou 56 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) - homicídios, feminicídios, latrocínios ou lesões corporais seguidas de morte - que ocorreram em território cearense.

Na terça-feira (18), o dia mais calmo desde então, foram registradas, pela Secretaria, cinco mortes violentas no Ceará. De um dia para outro, porém, com a escalada da paralisação e amotinamento dos profissionais da Segurança Pública, o número subiu abruptamente para 29, um aumento percentual de 480%. Na quinta-feira (20), as ocorrências diminuíram um pouco; foram 22 homicídios contabilizados. Contudo, os números de mortes violentas nos dias de paralisação já superam os de outra data deste ano. A semana teve os dias mais violentos do ano no Ceará, encontrando registro mais baixo apenas no dia 18 de janeiro, um sábado, cuja quantidade de homicídios chegou a 17. De acordo com a SSPDS, a média é de seis casos por dia.

Para se ter uma ideia, em iguais dias do ano passado, a Secretaria da Segurança anotou 16 crimes violentos letais em todo o Estado, embora não houvesse contexto de amotinamento das forças policiais. Naquele período, os números foram puxados para baixo por causa das ações implementadas em unidades prisionais e nas ruas a fim de conter as facções criminosas.

De acordo com o professor César Barreira, do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), os números de agora causam espanto.

"Em dois dias morreram 50 pessoas; esse dado é alarmante! Acho que tudo isso tem que ser avaliado e essas paralisações dos policiais têm que ser coordenadas e de certa forma, até mesmo, tolhidas", acredita Barreira.

Conforme o professor, a ausência de servidores militares na atuação de policiamento ostensivo nas ruas atinge diretamente a população, especialmente porque "é uma paralisação provocada pelas pessoas responsáveis por essa segurança e armada", sugere.

Contexto

Apesar de o ano de 2019 ter sido positivo para a Segurança Pública do Estado - a Pasta apresentou, por 21 meses consecutivos, reduções nos CVLIs -, o ano de 2020 veio na contramão, até o momento. Os dados repassados em janeiro pelo órgão apresentaram crescimento de 35,9% no número de homicídios em comparação a igual mês do ano passado. As variáveis apresentaram aumento em, praticamente, todas as regiões, com exceção do Interior Norte - que saiu de 40 para 36 mortes violentas.

Na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), o crescimento no número de mortes violentas foi de quase 100%, em janeiro deste ano. No início do ano, a reportagem do Diário do Nordeste já havia adiantado que, no município de Caucaia, houve, praticamente, um homicídio a cada dia durante o mês.

No momento, contudo, o 12º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Caucaia está paralisado em razão dos protestos de amotinados. Secretaria da Segurança´ Pública já registrou 56 homicídios, feminicídios, latrocínios ou lesões corporais seguidas de morte apenas em três dias; período compreende a paralisação das atividades de parte dos policiais militares. 

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