Caucaia: vice-prefeito é condenado à prisão

Paulo Guerra recebeu uma pena de 12 anos de cadeia pela morte de seu genro, um americano assassinado em 1993

Dezessete anos depois de um crime que teve repercussão internacional, quando um cidadão americano foi assassinado no Ceará, a Justiça finalmente, julgou, ontem, o acusado e o condenou a 12 anos de prisão. O réu é o atual vice-prefeito do Município de Caucaia, Paulo de Tarso Magalhães Guerra, militar reformado.

O julgamento de Paulo Guerra iniciou-se no começo da tarde de ontem e durou sete horas e meia. Por volta de 21 horas, o juiz titular da Segunda Vara do Júri da Capital, Henrique Jorge Holanda da Silveira, anunciou o veredicto. O Conselho de Sentença reconheceu a tese da promotoria e condenou o político a 12 anos de cadeia, inicialmente, em regime fechado.

Morte

Segundo o processo, o americano Harry Michael Frock foi morto durante uma emboscada preparada por seu próprio sogro, Paulo Guerra. O crime aconteceu por volta das 19 horas do dia 29 de dezembro de 1993 na estrada que liga a Praia do Cumbuco à Lagoa do Banana. Na ocasião, estavam em um carro, Paulo Guerra, sua filha e o marido americano.

Depois de realizarem um passeio na Lagoa do Banana, os três voltavam para casa quando houve a emboscada de bandidos que já estavam esperando a vítima passar ali em companhia da esposa e do sogro. Para dificultar a descoberta do crime, Guerra e os matadores simularam um assalto. O americano foi atingido a tiro e morreu logo em seguida. Guerra não aceitava o relacionamento da filha com o estrangeiro e, por conta disso, teria mandado executá-lo.

Condenação

A promotora de Justiça, Alice Iracema Melo Aragão representou o Ministério Publico durante o julgamento. Ela ressaltou as provas colhidas no decorrer da longa e tumultuada investigação em torno do caso. O processo teve que ser desaforado (transferido) de Caucaia para a Comarca de Fortaleza diante da influência política que o réu exerce até hoje naquele Município da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

De acordo ainda com os autos, a filha de Paulo Guerra viajou para os Estados Unidos em 1988 para fazer um curso de especialização. Em território americano, ela conheceu Harry Frock e desse relacionamento teve um filho dele. O pai nunca aceitou este fato, gerando um conflito familiar. Em dezembro de 1993, a filha e o marido decidiram vir ao Brasil e o americano foi apresentado aos pais da garota. Ainda segundo o processo, a viagem acabou tornando-se uma tragédia para o casal.

A defesa do réu foi confiada aos advogados Francisco Ernando Uchoa Lima Sobrinho e Luiz Clóvis Filho, que sustentaram a negativa de autoria. Para eles, o que realmente aconteceu foi um assalto, praticado por três homens, e o próprio réu tratou de prestar socorro à vítima. O corpo de jurados, no entanto, não acatou a tese da defesa.

Recorreu

Tão logo foi anunciada a condenação, os advogados da defesa manifestaram-se na tribuna assegurando que irão recorrer da decisão do Júri. Guerra deverá permanecer em liberdade até o julgamento do recurso.

Guerra responde ainda a outro processo, em que é acusado de ter mandado matar o sargento da PM Francisco Fernando Nogueira, em 1999.

FERNANDO RIBEIRO
EDITOR DE POLÍCIA