Caso Jamile: Laudo reforça que mulher foi agredida por Aldemir antes de tiro fatal

Para a Polícia Civil, o advogado foi violento com a namorada. Minutos depois, a empresária apareceu baleada no peito e com um hematoma em cima do olho. O suspeito disse que irá se pronunciar somente em momento oportuno

Escrito por Redação ,
Legenda: Análise da Pefoce se debruçou sobre vídeo em que o casal chegava ao condomínio
Foto: Foto: Camila Lima

Um veículo branco se aproxima do portão de entrada de um condomínio de luxo, localizado na Rua Joaquim Nabuco, no bairro Meireles, em Fortaleza, na noite de 29 de agosto do ano passado. A câmera de monitoramento do edifício capta, às 22h53, uma movimentação brusca, dentro do carro. Para a Polícia Civil, essa imagem mostra o advogado Aldemir Pessoa Júnior agredindo a namorada, a empresária Jamile de Oliveira Correia, que sofreria um tiro fatal minutos depois.

A suspeita do 2º DP (Aldeota) foi reforçada por um laudo da Perícia Forense do Ceará (Pefoce), concluído na última sexta-feira (31). O perito identificou que o motorista do veículo (no caso, Aldemir) fez um movimento brusco com o braço direito contra a passageira (Jamile), o que causou um impacto no corpo da mesma.

"É possível inferir que ocorre, entre toda a movimentação observada no interior do veículo, um instante no qual há uma extensão mais brusca do braço direito do motorista, que ocasiona um impacto físico aproximadamente à altura da linha do ombro do caroneiro, causando um deslocamento do terço médio do corpo deste, constatado por saída de inércia do terço superior nas imagens", descreve.

O perito ressalta "que não é possível afirmar - unicamente através da análise desta gravação em vídeo - o exato ponto onde o motorista do veículo atinge com o término deste movimento". A análise foi dificultada pela qualidade técnica do vídeo e pelo fumê do carro, mas chegou a essa conclusão com o auxílio de diversos programas de computação.

Outro perito criminal, que preferiu não se identificar, explicou à reportagem que o laudo aponta para uma aparente agressão contra a mulher. Às 23h16 daquele dia, ainda segundo as imagens de monitoramento do prédio, Jamile surge em um corredor e entra em um elevador, enquanto Aldemir corre atrás dela, mas não consegue entrar a tempo.

Em um terceiro vídeo, a empresária já aparece baleada no peito, no corredor do prédio, às 0h29 do dia 30 de agosto. Desta vez, ao entrar no elevador carregada pelo próprio filho, a mulher mostra um hematoma acima do olho esquerdo - o que, para a investigação policial, foi fruto da agressão do advogado. Procurado por telefone, Aldemir disse que irá se pronunciar em momento oportuno.

Perícia

Jamile foi levada pelo filho e pelo namorado ao Instituto Doutor José Frota (IJF), onde morreu na manhã do dia 31 de agosto. O caso foi informado ao hospital como suicídio, mas começou a ser considerado como feminicídio pela Polícia, com as investigações. Então, Aldemir Júnior passou a ser tratado como suspeito, mas segue em liberdade.

Os levantamentos do 2º DP contam com a colaboração recorrente de exames realizados pela Pefoce. O laudo da reprodução simulada dos fatos, divulgado semana passada, constatou que "diante das possibilidades formuladas, conforme as condições apresentadas, pode-se deduzir que em todas as situações o Sr. Aldemir tinha maior controle sobre a arma de fogo, podendo ter ocorrido o disparo intencional por parte dele, ou ter ocorrido disparo acidental enquanto a Sra. Jamile empunhava a pistola".

Também já foram revelados o laudo da comparação balística, que comprovou que o tiro que matou Jamile partiu de uma arma do namorado; e o laudo cadavérico, que mostrou que o disparo foi feito de cima para baixo. A Polícia Civil deve concluir o Relatório Final do Inquérito Policial nos próximos dias.

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