Capital registra menor número de homicídios em 5 anos

Homicídios caíram 67%, nos 25 primeiros dias deste ano, em comparação com 2018. Especialistas apontam relação entre série de ataques contra o Estado e redução de assassinatos

Escrito por Messias Borges/Daniel Praciano , seguranca@verdesmares.com.br

Este mês de janeiro, marcado na Segurança Pública do Ceará pela maior série de ataques criminosos contra o Estado na história, também apresenta outro fenômeno raro: uma redução drástica no número de homicídios. Em Fortaleza, a queda foi ainda maior e o quantitativo de mortes é o menor nos últimos cinco anos.



Conforme dados obtidos pelo Sistema Verdes Mares, 41 pessoas foram vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) – homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte – na Capital, entre 1º e 25 de janeiro de 2019. No Estado, foram 156 mortes. As médias diárias são de 1,64 e 6,24 crimes, respectivamente.

Em comparação com igual período de 2018, com 125 mortes violentas na Capital, o índice reduziu 67,2%. Em todo o território cearense, 381 pessoas foram assassinadas nos 25 primeiros dias do ano passado, o que representa uma queda menor: 59%. As médias diárias eram de 5 e 15,24 crimes, respectivamente.

Trégua
Especialistas ouvidos pela reportagem apontam relação entre a série de ataques e a diminuição de CVLIs. Do dia 2 de janeiro deste ano até ontem, foram contabilizadas 257 ações contra o Estado ou a propriedade privada, entre tiroteios, incêndios e explosões. “Isto comprova que quase 90% dos homicídios são ligados às facções criminosas, na disputa por território. Na hora em que as facções reataram a ‘paz’, de forma volátil, para combater o Estado, os homicídios caem. O segundo aspecto é que a cidade recebeu uma comitiva de policiais muito grande e há uma operação integrada das Forças de Segurança jamais vista no Ceará”, analisa o coordenador do Fórum de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE) e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), advogado Laécio Noronha Xavier.

“No dia 2 de janeiro, todas as três facções que atuam aqui, Comando Vermelho (CV), Primeiro Comando da Capital (PCC) e Guardiões do Estado (GDE), declararam uma trégua entre si. Com isso, o número de homicídios caiu vertiginosamente. Claro que também o fato de a Força Nacional estar aqui colaborou um pouco”, corrobora o pesquisador da área de Segurança Pública e professor da Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Ceará (Caen/UFC), José Raimundo Carvalho.

Os números de mortes violentas durante a trégua entre as facções registrada em 2019 são ainda menores que em 2016, quando o Ceará vivenciou um acordo de paz entre as organizações criminosas. Nos 25 primeiros dias daquele ano, 84 pessoas foram assassinadas no Estado. No comparativo entre os dois anos, o último período apresenta uma redução de 51,1%. Questionada, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não se posicionou até o fechamento desta matéria.
Sem sangue

A diminuição dos CVLIs resultou em sete dias, deste mês de janeiro, sem registros de mortes, em Fortaleza. Outros oito dias apresentaram apenas um assassinato. O dia mais violento, até 25 de janeiro, teve seis homicídios.
Conforme a SSPDS, a atuação constante dos efetivos nas ruas e as operações de Inteligência justificam a redução nos crimes. A Pasta informou que o número de capturas referente apenas aos suspeitos que tiveram relação com os ataques já passou de 461 até a manhã de ontem. 

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