'Até hoje estou sem dormir', diz paciente abusada sexualmente por médico

Vídeos mostram abuso sexual de pacientes dentro de consultório

Escrito por Kilvia Muniz , kilvia.muniz@tvdiario.tv.br

"Quando a gente vai se consultar com um ginecologista a gente vai pensando que vai ficar curada daquilo que ‘tá’ sentindo. Você não vai pra ser abusada”. O relato da vítima ilustra o sentimento dividido pelas seis mulheres ouvidas para essa reportagem, a maioria mães e donas de casa. A paciente foi abusada há cerca de 12 anos e, desde então, desenvolveu transtornos como ansiedade e síndrome do pânico. “Fui direto num psiquiatra e, até hoje tomo remédio controlado”, diz a dona de casa, moradora de Uruburetama. 

Uma paciente de Cruz conta que a vida dela foi destruída após a consulta há sete anos. “Eu sou indignada por isso, sabe? Eu acabei minha vida, eu pensei até em tirar minha própria vida”. Ela passou a tomar remédio controlado escondido da família. “Hoje, eu tenho transformação de humor direto. Eu também tenho problema de memória. Quem me dá força é o próprio Deus”, desabafa. 

Ela só consegue se consultar, em qualquer situação, acompanhada. “Quando é homem, eu fico aterrorizada, fico em pânico. Pra fazer um exame, hoje, se for com um médico, tem que estar uma mulher encostada”. Também não suporta a palavra “bebê”, expressão usada com as pacientes por José Hilson de Paiva em diversos vídeos. “Bebê mexe comigo. Quem me ama de verdade, não me chama de bebê. Bebê, pra mim, é muito chocante”. 

A situação psicológica de muitas vítimas também piorou após tomar conhecimento dos vídeos. “Tô nervosa direto, com medo que saiam esses vídeos pra todo mundo ver. Como é que vai ficar a vida da gente? Eu moro aqui, em Uruburetama, não sei como vai ficar minha vida”, diz a mulher aflita. 

Outra paciente está apavorada com a possibilidade da gravação feita com ela vir a público. “Até hoje, eu estou sem comer direito, sem dormir. Eu era uma pessoa que achava graça do nada, sabe? Agora, todo mundo acha estranho. Vem falar comigo, eu ‘tô séria”, diz ela chorando. “Eu só não ‘tô’ pior porque tenho apoio do meu marido. Ele me incentiva a fazer o que é certo, denunciar. Pra que ele (José Hilson) não faça o mesmo que fez comigo, com outras pessoas”. 

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