Advogado já foi investigado por atirar e ameaçar matar operários

Aldemir Pessoa Júnior, apontado como suspeito da morte da empresária Jamile Oliveira Correia, respondeu inquérito de caso que ocorreu em julho de 2005 no bairro Edson Queiroz por conta da suposta disputa pela posse do imóvel. Ontem, a defesa do advogado entregou o passaporte dele à Justiça

Escrito por Emerson Rodrigues e Emanoela Campelo de Melo , seguranca@verdesmares.com.br
Legenda: Porteiro limpou sangue no chão do prédio a mando de Aldemir Pessoa Depoimento de uma das testemunhas do caso da confusão em terreno
Foto: FOTO: KID JÚNIOR

O advogado Aldemir Pessoa Junior, suspeito de ser o autor do disparo que resultou na morte da empresária Jamile de Oliveira Correia, já respondeu um inquérito em que foi acusado de efetuar disparos de arma para o alto e contra operários há 14 anos em um terreno. As supostas agressões, conforme os depoimentos, foram motivadas por conta de uma disputa judicial pela posse do imóvel. A reportagem do Sistema Verdes Mares teve acesso, com exclusividade, aos depoimentos que detalham a ação de Aldemir em julho de 2005.

Na ocasião, conforme o depoimento de uma das testemunhas, ela estava trabalhando na construção de uma casa num terreno situado na Rua do Córrego, bairro Edson Queiroz, no dia 3 de julho de 2005, quando Aldemir chegou ao terreno "armado com uma pistola e passou a intimidar as pessoas". O operário disse ainda que Aldemir "ameaçou as pessoas" e afirmou que "se não se retirassem metia bala".

Após as ameaças, o advogado Aldemir efetuou três disparos para o alto e depois mais tiros em direção às pessoas, conforme o relato da testemunha. A situação se agravou, de acordo com o depoimento. Com a arma em punho, Aldemir encostou a pistola na cabeça de um adolescente, caiu num buraco da construção e a arma disparou. Nesse momento, todas as pessoas saíram correndo do local.

Ainda segundo o depoimento, o advogado proferiu mais ameaças e disse que era um dos donos do imóvel e "mataria quem entrasse naquelas terras". No entanto, dias depois, a testemunha retificou o depoimento e disse que o advogado apenas "atirou para o chão". No entanto, outras quatro pessoas confirmaram a primeira versão do mestre de obras sobre os disparos contra as pessoas e também as ameaças de morte.

Quando foi ouvido na época, Aldemir negou ter atirado contra as pessoas. Ele relatou que seguranças entraram no terreno e ele sacou a pistola e efetuou dois disparos para o chão. Aldemir contou que empurrou o mestre de obras e mandou ele sair do terreno, mas negou ter encostado a arma na cabeça do adolescente. Ontem, o advogado de defesa dele disse que o caso foi arquivado e preferia não comentar.

Ordens ao porteiro

A reportagem apurou que Aldemir Pessoa Júnior pediu ao porteiro do condomínio de luxo, local onde aconteceu o disparo fatal contra Jamile, que o funcionário limpasse o sangue perto do elevador e não alarmasse o ocorrido. O porteiro teria dito também as autoridades que na madrugada do dia 30 de agosto de 2019, data que Jamile foi socorrida, o advogado falou ao porteiro que: "abafe o caso, não comente com ninguém", justificando em seguida que não queria que o suicídio fosse divulgado entre os moradores.

Também foi apurado a partir dos relatos do porteiro que naquela data, Aldemir "não aparentava nervoso", mas o filho da suposta vítima, um adolescente de 14 anos que ajudou a socorrer a mãe, "estava desesperado".

Na tarde de ontem, os advogados de defesa do suspeito entregaram às autoridades as chaves do apartamento da empresária e o passaporte de Aldemir Pessoa Júnior. A entrega aconteceu após a Justiça cearense expedir medidas cautelares e negar a prisão temporária do suspeito, anteriormente solicitada pela Polícia Civil do Ceará.

Para os próximos dias estão previstos que um maqueiro do Instituto Doutor José Frota (IJF) e o perito responsável pelo laudo da guia cadavérica do corpo da empresária prestem depoimentos acerca da investigação da morte de Jamile.

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