Acusado de mortes aproveita Eleições para se apresentar

'Andrezinho da Baixada' se apresentou, em São Paulo, prestou depoimento e foi liberado, pois o Código Eleitoral determina que ninguém pode ser preso, sem ser em flagrante, nas 48h que antecedem um pleito

Escrito por Emanoela Campelo de Melo ,
Legenda: A aeronave utilizada pela facção nas mortes foi apreendida em São Paulo, dias após o crime Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', era tido como o maior líder do PCC, em liberdade Fabiano Alves de Souza, o 'Paca', era o braço direito de 'Gegê' e parceiro em vários crimes
Foto: Foto: Divulgação

Passados oito meses, um dos denunciados por matar dois líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), se apresentou às autoridades paulistas, na tarde de quinta-feira (25). André Luís da Costa Lopes, o 'Andrezinho da Baixada', que já tinha sido dado como morto, por uma possível "queima de arquivo", foi até a Delegacia da Polícia Civil do Guarujá, no Estado de São Paulo, prestar depoimento sobre as execuções.

Conforme o documento obtido pela reportagem, uma série de motivos levou 'Andrezinho da Baixada' à Polícia. No depoimento, o acusado de assassinar Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue'; e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca', disse "aproveitar o período eleitoral para comparecer ao Órgão Policial do Município de Guarujá", distrito onde reside, para comprovar que está vivo.

Apontado pela polícia como membro da facção PCC, inclusive ocupando cargo de liderança na região da Baixada Santista, o traficante prestou depoimento e foi liberado, em seguida. A liberação aconteceu em concordância como o Código Eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determina: nas 48h que antecedem uma eleição, ninguém pode ser preso, a não ser se for capturado em flagrante-delito.

"Nenhum eleitor poderá ser preso ou detido, salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto", decide o Código.

Medo

No documento, a defesa de André Luís expôs que ele "pretende colaborar com a Justiça do Ceará para a elucidação dos fatos ocorridos no Estado". 'Andrezinho' se disse inocente com relação ao duplo homicídio e afirmou que teme pela própria vida. Para justificar o temor, o criminoso recordou que Wagner Ferreira da Silva, o 'Cabelo Duro', também acusado das execuções, foi morto, em represália aos assassinatos de 'Gegê do Mangue' e 'Paca'.

Trechos do depoimento pontuam que André Luis "pretende dar sua versão dos fatos para a Polícia Civil do Ceará, Ministério Público do Estado (MPCE), assim como para a Justiça cearense". O acusado diz também que, caso possa responder ao processo em liberdade, com a revogação de sua prisão preventiva, se colocará à disposição do Poder Judiciário".

A defesa do integrante da facção ressaltou também que, caso a prisão seja revogada, fornecerá seu número de celular com autorização de eventual quebra de sigilo telefônico, para que suas ações possam ser monitoradas pelas autoridades. Ontem, quando contatada pela reportagem sobre a apresentação de 'Andrezinho', a Polícia Civil do Ceará informou, em nota, que as investigações são sigilosas e os detalhes deste caso não podem ser repassados.

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