44 integrantes do PCC fogem de penitenciária

De acordo com a Secretaria de Justiça, 13 foram recapturados, mas 31 detentos seguem foragidos

Escrito por Redação ,
Legenda: Dezenas de presos conseguiram fugir da CPPL III após quebrarem as grades e os cobogós instalados nas paredes das celas da Rua F
Foto: Foto: VC Repórter

Uma fuga em massa foi registrada na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Jucá Neto (CPPL III), em Itaitinga, no fim da noite de sábado (29). Pelo menos 44 detentos escaparam por volta das 22 horas da Rua F da unidade, que abriga membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Até a tarde de ontem, 13 internos haviam sido recapturados. 31 homens permaneciam foragidos até o fechamento desta matéria.

Uma fonte da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará (Sejus) revelou que a fuga ocorreu por buracos abertos após danos nos combogós localizados nas paredes das celas. Ao perceberem a movimentação de dezenas de presos saindo pelos buracos, policiais militares que estavam nas guaritas efetuaram disparos para tentar conter os detentos e solicitaram reforço.

Equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) e agentes do Grupo de Apoio Penitenciário (Gape) chegaram ao local e iniciaram as buscas. Dois presos foram localizados na parte externa do pátio, conhecida como "área das britas" e outros 11 na parte externa da Penitenciária, numa área de matagal. No começo da manhã, um procedimento de contagem teve início na CPPL III. Por volta das 14h, a Sejus confirmou o número de fugitivos.

Um servidor da Pasta, que optou por não ser identificado, confirmou que não houve ajuda externa e nem tentativa de resgate. Conforme a fonte, a Rua F, onde ocorreu a fuga, abriga cerca de 300 internos. Os recapturados teriam sido encaminhados ao Centro de Triagem. A reportagem apurou que, mesmo após a evasão, as visitas ocorreram normalmente na CPPL III durante o dia de ontem, pois o local onde houve danos está localizado do lado da unidade onde as visitas aos presos acontecem em outro dia da semana.

O advogado de um dos presos da CPPL III disse a reportagem que o clima no presídio era de tensão após a fuga. Agentes chegaram a entrar no local pelo menos duas vezes ao longo do dia, com promessa de retorno.

As tentativas de fuga e ações criminosas que tiveram êxito são recorrentes na CPPL III. Há uma semana foi descoberto um túnel na unidade. O achado aconteceu durante ronda noturna de agentes penitenciários. Da unidade, no último dia 13 de março já haviam escapado 11 detentos por meio de um túnel.

Passados dois dias a esta primeira fuga do ano, outros quatro túneis foram encontrados na penitenciária. Já em janeiro, houve uma tentativa de fuga frustrada no local. Na ocasião, um detento foi morto e um policial militar baleado na cabeça, costas e braços.

Liderança

Sobre a fuga em massa da CPPL III, o presidente do Conselho Penitenciário (Copen), Cláudio Justa, lembra que a unidade prisional tem como características perigosa e "muito bem organizada" por abrigar presos do PCC. Justa acrescenta que não se exclui dessa fuga a possibilidade de algum líder da facção ter fugido. "Entendemos que essas fugas são promovidas para viabilizar a retirada de lideranças. Lá tem também tentativa de resgate, não foi o caso dessa vez, mas houve tentativa sim no início do ano. É um local onde estão líderes intermediários e gerentes que sempre têm plano de fuga. A intenção é sair de lá antes que sejam transferidos para presídios federais", contou o presidente da Copen.

A deficiência estrutural e a insuficiência no contingente de agentes penitenciários também são pontos destacados por Justa. Para ele, desde o ano de 2016, quando foram registradas extensas rebeliões e depredações, o equipamento está obsoleto, danificado e repleto de reformas inconclusivas. "As câmeras de monitoramente externo e interno não funcionam. Os presos continuam soltos nas vivências, não estão em celas. Isso dificulta a acessibilidade dos agentes aos que eles estão fazendo", acrescentou Cláudio Justa.

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