Venda de implementos agrícolas tem queda de 60% nos municípios

Escrito por Redação ,
Atividade do setor foi prejudicada pela seca registrada em 2013, agravando a produtividade

Iguatu/Crateús. Depois de dois anos seguidos de seca, a venda de tratores no sertão do Ceará caiu 60% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2011. A estiagem intensa provocou queda na produção de grãos, no setor pecuário e na renda dos produtores rurais. Resultado: sem condições financeiras, a inadimplência cresceu e os bancos suspenderam temporariamente novos financiamentos para compra de equipamentos agrícolas.

Com a falta de chuvas, os negócios tiveram baixa no interior do Estado

No Interior do Ceará, há somente uma revenda autorizada de tratores que comercializa o produto da marca Valtra para todo o Estado. A empresa A Moreno Indústria e Comércio fica localizada em Iguatu, na região Centro-Sul. Os negócios realizados em 2012 e no primeiro semestre deste ano decorrem de financiamentos públicos para o programa Pronaf Mais Alimento, venda para órgãos públicos e um pouco de consórcio em andamento.

O consultor de vendas da empresa, Adeilton Gomes, observa que o setor vivenciou um período de boas vendas entre 2008 e início de 2012, graças ao financiamento de recursos do Bndes por meio do Finame Agrícola. "Agora vivemos um período de retração", disse. "O governo prorrogou as dívidas para 2016 e no caso do Pronaf Mais Alimento concedeu redução de 85%, aliviando a situação de crise".

Gomes espera que a partir de 2014, ocorra um bom inverno e os produtores possam recuperar a situação financeira anterior para que os financiamentos sejam restabelecidos. Segundo ele, "a inadimplência atrapalha os novos financiamentos".

Em todo o Ceará só existem três revendas de tratores, incluindo a única do Interior, instalada em Iguatu. As outras duas encontram-se em Fortaleza. O preço de um trator varia entre R$ 95 mil a R$ 180 mil, segundo o tamanho e capacidade de força.

Crateús

Empresários do setor de produtos e máquinas agrícolas de Crateús se ressentem da queda de vendas no ramo. Desde o ano passado amargam retração no comércio de implementos agrícolas, produtos para pecuária, motores, bombas e equipamentos para irrigação, provocada pela estiagem. Este ano as vendas caíram ainda mais com o prolongamento da falta de chuvas. Calculam um declínio na ordem de até 50%.

No ramo há 24 anos, o empresário Edmilson Mourão, engenheiro agrônomo que conhece bem a realidade do sertão, por ser agropecuarista e filho de destacado agropecuarista da região, lamenta a queda nas vendas. Conta que o setor depende de fato da quadra invernosa.

"Ano passado a situação já complicou por conta da estiagem, que impediu o produtor de produzir e investir. E agora em 2013 a situação se complicou ainda mais. Ano passado com a imensa perda do rebanho, as vendas para os pecuaristas já sofreram grande redução e continuou em queda por este ano. Esperamos agora um bom inverno ano que vem", definiu Mourão.

Perdas

Na sua empresa, a Casa do Produtor não há maquinário de grande porte. Trabalha com máquinas de pequeno e médio porte. E, destas, as que mantiveram um nível razoável de comercialização são as destinadas à implantação de irrigação por gotejamento. "Enquanto havia um pouco de água, ainda comercializamos bem esse tipo de maquinário porque traz bons resultados e é muito eficiente para quem está trabalhando com pouca água", conta Mourão, ressaltado que nos últimos meses até essa venda foi reduzida, devido a escassez de água no município e região dos Inhamuns.

Estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que o Estado deverá colher 371,5 mil toneladas de grãos neste ano, o que significa uma redução de 48,3% em relação à previsão feita um mês antes, de 719,8 mil toneladas. Na comparação com a primeira projeção do ano, calculada em 1,246 milhão de toneladas de grãos, a queda é de 70,2%; e sobre a safra registrada em 2012, a mais nova expectativa representa um crescimento de 58,89%. Na região Centro-Sul, os laudos técnicos de constatação de safras verificaram que em 10municípios, todos registraram perda superior a 90%. Em Jucás, por exemplo, de um total de 50 laudos, 48 apontaram perda de 100% da lavoura de sequeiro e dois registraram ausência de plantio.

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