Técnica usa piabas para destruir larva do mosquito Aedes

Piabas são colocadas dentro de caixas d'água ou de recipientes. Além de ser um defensivo natural e de atingir, no máximo, 10 centímetros na fase adulta, o peixe não altera o odor e a qualidade da água

Escrito por Alex Pimentel , regiao@verdesmares.com.br

Faltando pouco mais de 90 dias para o início da quadra chuvosa no Ceará, o Núcleo de Controles de Endemias de Quixadá está intensificando uma estratégia de combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, chikungunya e da zika. Os agentes de endemias estão incentivando os moradores a "adotarem" uma piaba. O peixe é um excelente eliminador de larvas. Nas caixas d'água e depósitos, eles devoram a futura ameaça.

6,5%
Foi o índice de infestação do mosquito. Esse percentual foi registrado em Quixadá durante a quadra chuvosa, período que vai de fevereiro a maio

Segundo o coordenador do Núcleo de Endemias do Município, José Arlindo Lemos, o entusiasmo na utilização do pequeno peixe como aliado na eliminação dos focos do inseto, capaz de causar até a morte, está nos resultados obtidos ao longo do ano. Atualmente, os índices de infestação na cidade apontam 2%, bem próximo do 1% estabelecido como aceitável pelo Ministério da Saúde. No início do ano, o risco superava 5,5% e no período invernoso chegou aos 6,5%.

Dentre as vantagens na utilização dessa espécie de animal aquático larvófago, além de ser um defensivo natural e de atingir no máximo 10 centímetros na fase adulta, não provoca odor e não polui a água colocada nos depósitos.

A piaba rabo de fogo, como é conhecida, se adapta rapidamente ao ambiente e, diferentemente do peixe betta, não é agressiva. Também é encontrada em abundância nos mananciais da região.

20.306
Piabas já foram distribuídas. O custo é mínimo, já que os peixes são encontrados em abundância nos mananciais de Quixadá.

Na cidade já foram distribuídas 20.306 piabas. Os custos são mínimos. No processo para o despejo nas caixas e depósitos necessitam apenas de ração e da adaptação à água tratada com cloro distribuída pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).

Em pouco mais de duas semanas, assimilam a tolerância ao produto químico. Numa caixa de 5 mil litros há necessidade apenas de uma piaba. Em reservatórios maiores, a quantidade é calculada de forma proporcional, acrescenta o coordenador.

A dona de casa Maria Anunciada Ribeiro desconhecia a utilidade da piaba como opção para se proteger do Aedes aegypti. Ficou surpresa. Até então servia apenas para torrar na frigideira. "Ao receber as orientações do agente de combate a endemias não pensei duas vezes. Agora é convencer os vizinhos a fazerem o mesmo. Com uma iniciativa tão prática todos ficarão protegidos", reconheceu.

Quem estiver interessado em optar pelo peixamento para evitar o risco de proliferação do mosquito dentro das residências pode receber, gratuitamente, a piaba no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Quixadá no período do expediente, das 7h30 às 17h.

Agendamento

O CCZ fica localizado à Rua Maestro José Pretinho S/N°, no Jardim dos Monólitos. Outra opção é agendar a visita de um agente de endemias pelo telefone (88) 9.9684.1803.

Sobre a técnica de peixamento, Lemos explica que a mesma foi implantada no Estado em 2016, por biólogos do Núcleo de Vetores (Nuvet), ligados à Secretaria de Saúde do Ceará.

Assuntos Relacionados