Silagem é aposta do semiárido

Criadores do Ceará investem em alternativa de alimentação para o gado no período de falta de chuva

Escrito por Honório Barbosa , região@verdesmares.com.br
Legenda: Milho e sorgo forrageiro são as principais culturas utilizadas no processo de silagem
Foto: Foto: Honório Barbosa

A crise hídrica trouxe lições para os criadores de gado do Ceará, que passaram a investir em reserva alimentar. Dados do Sindicato Rural de Quixeramobim e do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce) mostram que nas regiões do Sertão Central e do Centro-Sul pelo menos 80% dos pecuaristas agora dispõem de silos em suas propriedades. "Há dez anos, eram menos de 20% que faziam silagem", compara o agrônomo da Ematerce, Antônio Pereira de Souza Neto.

"Os produtores tiveram que encontrar solução no período de adversidade. Surgiram as áreas de plantio de capim irrigado e de sorgo forrageiro em Limoeiro do Norte, Quixeré e em outras áreas de produção. Os criadores compram e fazem os silos em suas propriedades", explica o presidente do Sindicato Rural de Quixeramobim, Cirilo Vidal.

Em média, o quilo da forragem é vendido por R$ 0,08, o que traz viabilidade econômica. A reserva alimentar para o gado agora é questão estratégica. "No início se usava o silo trincheira (feito de alvenaria, escavado no chão), mas agora a maioria, cerca de 90%, faz o de superfície, coberto com lona", afirma Antônio Pereira Neto. Milho e sorgo forrageiro são as principais culturas utilizadas no processo de silagem do semiárido cearense, adicionado ao melaço da cana. O valor nutritivo é semelhante ao da forragem verde.

Empresas de laticínios têm incentivado a técnica de silagem de pasto nativo para a pecuária de leite. O esforço é para sensibilizar os criadores a incluírem a prática nas atividades rurais durante o período chuvoso, aproveitando o máximo possível o pasto nativo verde para fazer silagem a baixo custo para o segundo semestre e, assim, manter a produção de leite regular ao longo do ano.

"Houve mudanças importantes no campo, os criadores apostaram na reserva alimentar e passaram a fazer a técnica do pastejo rotacionado que surgiu em Iguatu. A divisão de áreas em piquetes para alimentar se espalhou por todas as regiões", explica o presidente da Ematerce Antônio Amorim, sobre o crescimento da produção leiteira no Ceará nos últimos anos.